quarta-feira, 7 de janeiro de 2015


'Charlie Hebdo' já tinha sido alvo de ataques 
por caricaturas de Maomé
Ataque de hackers e incêndio estão entre os crimes contra a publicação, 
que recebia há anos proteção policial


PARIS - A revista satírica Charlie Hebdo, alvo de um atentado que deixou pelo menos 12 mortos nesta quarta-feira, 07.jan.2015, em Paris já tinha sofrido em seus quase 22 anos de existência outros ataques em razão da publicação de caricaturas de Maomé.
A revista, cuja a mera reprodução está proibida pelo Islã, também chegou a ser incendiada em novembro de 2011. Quando voltou às ruas, insistiu na linha editorial com uma capa em que um muçulmano e um desenhista se beijavam sob o título "O amor é mais forte que o ódio".
No interior da edição, carregada de críticas tanto ao fundamentalismo muçulmano como o cristão, o diretor da publicação, Charb, exigia no editorial o direito dos desenhistas e jornalistas da Charlie Hebdo  a fazer humor sobre o que quisessem.
Em 3 janeiro de 2013, o site da revista sofreu ataques de hackers, motivados pela publicação no dia anterior de um suplemento especial com uma biografia de Maomé em forma de história em quadrinhos.
Antes disso, o semanário levantou a ira dos islamitas por reproduzir outras caricaturas, originais do jornal dinamarquês Jyllands-Posten em setembro de 2005, nas quais o profeta vestia turbante-bomba com o pavio aceso.
Com uma linha ousada e irreverente, a Charlie Hebdo foi criada em 1992 pelo escritor e jornalista François Cavanna, morto em 29 de janeiro de 2014, aos 90 anos. O desenhista Charb assumiu então a publicação, dando sequência à linha editorial considerada ofensiva pelos muçulmanos.
No Islã, a mera representação gráfica do profeta é considerada uma ofensa. A divulgação das caricaturas suscitou um intenso debate na França sobre a liberdade de imprensa no país.


Atualizando 
Coincidência ou não, a Charlie Hebdo fez a divulgação em sua edição desta quarta-feira, 07.jan.2015, do novo romance do controvertido escritor Michel Houellebecq, um dos mais famosos autores franceses no exterior. A obra de ficção política, "Submissão", fala de uma França islamizada em 2022, depois da eleição de um presidente da República muçulmano.

O curioso é que esta edição da revista se esgotou nas bancas logo depois do atentado.

"As previsões do mago Houellebecq: em 2015, perco meus dentes ... Em 2022, faço o Ramadã!", afirma a caricatura do escritor na capa da Charlie Hebdo.


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