sábado, 3 de janeiro de 2015


Agência de risco rebaixa avaliação da construtora OAS para calote

Cesar Mata Pires
controlador do grupo OAS

Um dia após falhar com o compromisso de pagar juros de títulos de dívida, a empreiteira OAS informou que vai adotar um plano expressivo de redução de despesas e pode vender ativos para reequilibrar sua posição financeira.
"Em função das dificuldades de acesso a mercado de crédito, está em discussões com alguns de seus principais credores de forma a possibilitar uma reestruturação financeira organizada", informou a companhia em nota.
Na sexta-feira (02.jan.2015), a agência de classificação de risco Fitch cortou a nota de crédito da OAS e suas subsidiárias para "C", de "B+", após a empresa deixar de pagar juros de uma emissão de dívida de US$ 400 milhões com vencimento em 2021. O valor a ser pago era de US$ 16 milhões.
Segundo a Fitch, além dessa dívida em atraso, a nota C reflete a inadimplência iminente de outras obrigações com vencimentos nos próximos dias. A construtora OAS entrou em calote técnico.
O pagamento de principal e dos juros da nona emissão de debêntures da OAS vence na segunda-feira (05.jan.2015) e provavelmente não será pago, diz a agência de classificação de risco Fitch.
A inadimplência pode acelerar o vencimento de outras dívidas da OAS, Construtora OAS e OAS Empreendimentos, colocando pressão adicional sobre a liquidez do Grupo OAS, avaliam os analistas.
Segundo a agência Fitch, a companhia escolheu uma estratégia para preservar sua liquidez, optando por não pagar suas obrigações financeiras no curto prazo.
Com isso, a companhia terá o desafio de renegociar novos termos com os detentores de dívidas. Frustrações nas negociações com os credores podem levar a companhia a pedir recuperação judicial, prevê a Fitch.
Os ratings da OAS estavam em observação negativa desde 19 de novembro, refletindo temores da Fitch com o impacto da operação Lava Jato da Polícia Federal que investiga denúncia de corrupção envolvendo a Petrobras e várias empreiteiras do país.

DÍVIDA
A OAS Investimentos detém fatia de cerca de 24% na Invepar, companhia que integra o consórcio que administra a concessão do aeroporto de Guarulhos. O grupo ainda participa das concessões da Linha Amarela e do Metrô, ambas no Rio de Janeiro.
Segundo a Fitch, a OAS informou ter recursos de R$ 1 bilhão no fim de dezembro. No final de setembro, a OAS tinha dívida de R$ 7,7 bilhões e R$ 1,4 bilhão em recursos e títulos negociáveis.
"A companhia pretende apresentar um plano de reestruturação financeira a todos seus credores e também informou que adotou um plano de redução de despesas expressivo e estuda a venda de determinados ativos para reforçar sua liquidez", afirmou a OAS.
Para auxiliar no processo, a empresa contratou como assessores financeiros a G5 e a Evercore, e como assessores legais os escritórios Mattos Filho e White & Case LLP.

PS: A OAS está de pernas para o ar, como consequência, claro, da Lava-Jato. O controlador Cesar Mata Pires contratou a G5/Evercore, empresa de investimentos e reestruturações, para vender os negócios do grupo.
A ordem de Mata Pires é se desfazer de tudo, exceto a própria construtora, origem de tudo. Há duas semanas, praticamente todos os executivos das empresas OAS foram demitidos, menos da construtora.
Um desses ativos "inúteis" da OAS é a Arena do Grêmio em Porto Alegre. Para construí-la a empreiteira tomou empréstimos de mais de 600 milhões de reais no BNDES, para o qual está hipotecado o estádio.

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