Absorvente interno vira artigo raro nas lojas e mercados da Argentina
Os absorventes internos estão em falta no comércio argentino. A maior
rede de farmácias de Buenos Aires não tem mais estoque e nas cidades de
veraneio também é difícil encontrar. Não se acha o produto nem em
supermercados nem lojas de bairro.
As marcas líderes no país são OB e Kotex. O OB é produzido no Brasil,
pela Johnson & Johnson. A Kotex pertence à Kimberly-Clark e também é
importado.
O verão é a época do ano em que há mais consumo de absorventes internos,
que são a opção mais comum de clientes que vão às praias, por exemplo.
Segundo o jornal "La Nación", o governo argentino responsabiliza as
próprias empresas pela ausência de seus produtos. Na visão oficial, elas
teriam planejado mal o seu estoque.
O ministro Jorge Capitanich, chefe do gabinete da Casa Rosada, declarou
que "há produtos sensíveis [cujo abastecimento] não tem a ver com as
autorizações dadas, mas [com] uma estratégia comercial de quem
efetivamente importa".
Procurada, a Johnson & Johnson do Brasil não deu motivo para a falta
de absorvente na Argentina nem desmentiu a explicação do governo
argentino.
A assessoria de imprensa da Kimberly-Clark afirmou que "pode existir atraso na substituição do produto".
Ao site "Apertura", um executivo de marketing da Johnson & Johnson
da Argentina disse que a falta de absorventes internos se dá pela
restrição às importações que o governo promove.
Para importar um produto na Argentina é preciso pedir uma autorização
prévia. E a regra para conseguir a autorização não é clara.
Para Miguel Ponce, diretor do Centro de Estudos para o Comércio
Exterior, o governo atrasou a autorização das importações. "As empresas
não iriam perder as vendas. Pode até ser possível que uma delas tenha
planejado mal, mas duas?", questiona.
Profissionais ligados à promoção de produtos importados na Argentina
relatam que a maneira que o governo decide autorizar ou não uma
importação é consultando fábricas argentinas de bens semelhantes para
saber se há um substituto feito no país.
Ponce não descarta a possibilidade de que o governo tenha consultado
fabricantes de absorventes para saber se há produção local e tenha
recebido a resposta afirmativa, mas na verdade tratava-se de absorventes
externos.
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