segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Campanha rica de sucessor de Delúbio é alvo de dossiê
Candidato a deputado federal, Paulo Ferreira já arrecadou R$ 382 mil, mais do que todos os demais petistas no RS
O sucessor de Delúbio Soares nas finanças do PT, Paulo Ferreira (RS), dono da campanha a deputado mais rica do partido no Rio Grande do Sul, é o mais novo alvo de fogo amigo dentro do partido.
Aliado do ex-deputado José Dirceu (SP), Ferreira, 51, foi o tesoureiro nacional do PT até o início de 2010. Assumiu o cargo em 2006, após a queda do tesoureiro Delúbio no escândalo do mensalão.
Nos últimos dias, uma carta anônima de cinco páginas com acusações contra Ferreira, intitulada "Salvem o PT" e de autoria de um suposto "petista e fundador do PT" do RS, circulou em órgãos públicos de Porto Alegre e órgãos de comunicação.
O candidato disse saber da carta desde abril. Atribui o papel a uma briga interna partidária. "Eu tributo ela [a carta] a essa disputa interna do PT, sem dignidade, de se apresentar quem é que assina: "Eu, Fulano de Tal, acuso Fulano de Tal"."
Ferreira diz não saber quem é o autor.
Cópias foram enviadas aos e-mails dos deputados federais Antonio Palocci (SP) e Arlindo Chinaglia (SP) e dos estaduais Raul Pont, presidente estadual do PT, e Adão Villaverde (RS).
O papel descreve supostos gastos excessivos na campanha de Ferreira, como o uso de um jatinho da empresa de calçados Grendene, "emprestado" ao candidato.
Ferreira disse que, de fato, tem usado jatinhos, mas diz que eles seriam alugados de uma empresa de táxi aéreo. Afirmou que vai declarar o gasto à Justiça Eleitoral.
Na lista parcial de despesas da campanha, referente a agosto, não há nenhum registro no item "transporte ou deslocamento". Ferreira declarou ter arrecadado R$ 382 mil, acima do informado pelos outros 19 candidatos do PT-RS ao mesmo cargo.
Outro trecho da carta diz que Ferreira beneficiou escolas de samba, que hoje apoiam sua candidatura, por meio de projetos de captação de recursos pela Lei Rouanet de incentivo à cultura.
O candidato reconheceu ter ajudado as escolas, mas dentro da lei. "Tem parlamentares que têm emendas, certo? Eu ajudo as pessoas que buscam apoio às suas atividades. Se eu quisesse enriquecer, eu faria outra coisa", disse.
A carta diz ainda que Ferreira banca campanhas de outros candidatos. E que Raul Pont, ex-prefeito de Porto Alegre, teria desaprovado a estratégia e ofendido Ferreira num encontro com outros candidatos.
Pont negou ter falado algo negativo sobre o ex-tesoureiro. Mas, indiretamente, reconheceu a opulência da campanha de Ferreira.
"Eu não sei os recursos que ele está movimentando. É visível que ele tem uma campanha grande, mas isso não é virtude, ou problema, só dele", disse.
Na prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral, Ferreira declarou ter repassado R$ 40 mil para "outros candidatos e comitês financeiros".
PS: O candidato a deputado federal pelo PT do Rio Grande do Sul Paulo Ferreira, ex-tesoureiro nacional do PT, disse que a origem dos ataques contra ele, contidos em carta anônima, seriam outros candidatos a deputado que temem a sua vitória.
"Evidente que [outros candidatos] estão incomodados. A minha candidatura é competitiva e vai possivelmente tirar a vaga de alguém." Ele disse que não tem condições de responder às informações contidas no papel.
"É uma carta sem autoria, eu atribuo ela a isso, a essa disputa interna do PT, ou a algum setor inconformado."
Ferreira citou "subterrâneos". "O que tem em relação à minha candidatura é uma disputa de baixo nível, com acusações anônimas. Eu não tenho como descobrir a origem. O que eu posso fazer?", afirmou o petista.
A empresa Grendene informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentaria o assunto porque "os aviões pertencem aos acionistas, não à empresa", em referência aos donos da empresa, a família homônima.
Sindicalista faz revelações sobre o modo de atuar da espionagem petista
Wagner Cinchetto
Mais um sindicalista decidiu revelar os porões do PT. A VEJA desta semana traz uma reportagem de Policarpo Junior e Otávio Cabral sobre a atuação de um grupo de sindicalistas que produzia dossiês para a campanha do PT em 2002. Um de seus expoentes era Wagner Cinchetto, que concedeu uma entrevista estarrecedora à revista. O mais espantoso é que Cinchetto não se diz santo, não. Ele confessa, por exemplo: “Eu e o Medeiros (Luiz Antônio de Medeiros, ex-dirigente da Força Sindical) trabalhávamos para o Collor e participamos da produção daquele depoimento fajuto da ex-namorada do Lula.” Isso foi em 1989. Em 2002, ele já estava trabalhando para o PT. O mais surpreendente de sua confissão: o objetivo era atingir todos os inimigos de Lula naquela ano e jogar a culpa nas costas do tucano José Serra. E assim se fez. E assim noticiou a imprensa! A ação mais vistosa, revela o sindicalista, foi o caso Lunus, a operação da Polícia Federal que recolheu na sede da empresa do marido de Roseana Sarney a bolada de R$ 1,34 milhão em dinheiro vivo. José Sarney sempre acusou Serra de estar metido na operação, e isso foi determinante na sua aliança com Lula, o qual era, na prática, o chefão do grupo que havia destruído a chance de a filha se candidatar à Presidência. Outro alvo dos petistas foi Ciro Gomes. Na verdade, seu então candidato a vice, Paulo Pereira da Silva, que também tinha a certeza de que estava sendo alvo de Serra! Segundo Cinchetto, Lula sempre soube de tudo. No comando da operação, ele informa, estavam Ricardo Berzoini e Luiz Marinho, hoje presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo.
A entrevista:
- Qual era o objetivo do grupo?
- A idéia era atacar primeiro. Eu lembro do momento em que o Ciro Gomes começou a avançar nas pesquisas. Despontava como um dos favoritos. Decidimos, então, fazer um trabalho em cima dele, centrado em seu ponto mais fraco, que era o candidato a vice da sua chapa, o Paulinho da Força. Eu trabalhava para a CUT e já tinha feito um imenso dossiê sobre o deputado. Já tinha levantado documentos que mostravam desvios de dinheiro público, convênios ilegais assinados entre a Força Sindical e o governo e indícios de que ele tinha um patrimônio incompatível com sua renda. O dossiê era trabalho de profissional.
- Os dossiês que vocês produziam serviam para quê?
Fotografamos até uma fazenda que o Paulinho comprou no interior de São Paulo, os documentos de cartório, a história verdadeira da transação. Foi preparada uma armadilha para “vender” o dossiê ao Paulinho e registrar o momento da compra, mas ele não caiu. Simultaneamente, ligávamos para o Ciro para ameaçá-lo, tentar desestabilizá-lo emocionalmente. O pessoal dizia que ele perderia o controle. Por fim, fizemos as denúncias chegarem à imprensa. A candidatura Ciro foi sendo minada aos poucos. O mais curioso é que ele achava que isso era coisa dos tucanos, do pessoal do Serra.
- Isso também fazia parte do plano?
- Como os documentos que a gente tinha vinham de processos internos do governo, a relação era mais ou menos óbvia. Também se dizia que o Ciro tirava votos do Serra. Portanto, a conclusão era lógica: o material vinha do governo, os tucanos seriam os mais interessados em detonar o Ciro, logo… No caso da invasão da Lunus, que fulminou a candidatura da Roseana, aconteceu a mesma coisa.
- Vocês se envolveram no caso Lunus?
- A Roseana saiu do páreo depois de urna operação sobre a qual até hoje existe muito mistério. Mas de uma coisa eu posso te dar certeza: o nosso grupo sabia da operação, sabia dos prováveis resultados, torcia por eles e interveio diretamente para que aparecessem no caso apenas as impressões digitais dos tucanos. Havia alguém do nosso grupo dentro da operação. Não sei quem era a pessoa, mas posso assegurar: soubemos que a candidatura da Roseana seria destruída com uns três dias de antecedência. Houve muita festa quando isso aconteceu.
- Nunca se falou antes da participação do PT nesse caso…
- O grupo sabia que o golpe final iria acontecer, e houve uma grande comemoração quando aconteceu. Aquela situação da Roseana caiu como uma luva. Ao mesmo tempo em que o PT se livrava de uma adversária de peso, agia para rachar a base aliada dos adversários. Até hoje todo mundo acha que os tucanos planejaram tudo. Mas o PT estava nessa.
- Quem traçava essas estratégias?
- O grupo era formado por pessoas que têm uma longa militância política. Todas com experiência nesse submundo sindical, principalmente dos bancários e metalúrgicos. Não havia um chefe propriamente dito. Quem dava a palavra final às vezes eram o Berzoini e o Luiz Marinho (atual prefeito de São Bernardo do Campo). Basicamente, nos reuníamos e discutíamos estratégias com a premissa de que era preciso sempre atacar antes.
- O então candidato Lula sabia alguma coisa sobre a atividade de vocês?
- Lula sabia de tudo e deu autorização para o trabalho. Talvez desconhecesse os detalhes, mas sabia do funcionamento do grupo. O Bargas funcionava como elo entre nós e o candidato. Eu ajudei a minar a campanha do Lula em 1989, com aquela história da Lurian. Eu e o Medeiros (Luiz Antônio de Medeiros, ex-dirigente da Força Sindical) trabalhávamos para o Collor e participamos da produção daquele depoimento fajuto da ex-namorada do Lula. O grupo se preparou para evitar que ações como aquelas pudessem se repetir, e fomos bem-sucedidos.
- De onde vinham os recursos para financiar os dossiês?
- Posso te responder, sem sombra de dúvida, que vinham do movimento sindical, principalmente da CUT. Se precisava de carro, tinha carro. Se precisava de viagem, tinha viagem. Se precisava deslocar… Não faltavam recursos para as operações. Quando eu precisava de dinheiro, entrava em contato com o Carlos Alberto Grana (ex-tesoureiro da CUT), o Bargas ou o Marinho.
- Quem mais foi alvo do seu grupo?
- O plano era gerar uma polarização entre o Serra e o Lula. Por isso se trabalhou intensamente para inviabilizar a candidatura do Garotinho, que também podia atrapalhar. Não sei se o documento do SNI que ligava o vice de Garotinho à ditadura saiu do nosso grupo, mas posso afirmar que a estratégia de potencializar a notícia foi executada. O Garotinho deixou de ser um estorvo. E teve o dossiê contra o próprio Serra. Um funcionário do Banco do Brasil nos entregou documentos de um empréstimo supostamente irregular que beneficiaria uma pessoa ligada ao tucano. Tudo isso foi divulgado com muito estardalhaço, sem que ninguém desconfiasse que o PT estava por trás.
CNJ propõe indulto de Natal para mulheres com filhos menores de 12 anos
O Conselho Nacional de Justiça propôs ao Ministério da Justiça a concessão de indulto de Natal às mulheres que tenham filhos menores de 12 anos. A medida faz parte do conjunto de sugestões do conselho para a elaboração do decreto de indulto natalino deste ano. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, o objetivo da medida é propiciar a reinserção social das mulheres. Entretanto, só receberão o indulto àquelas que comprovarem a necessidade de cuidar dos filhos menores de 12 anos ou possuírem filhos, nessa faixa etária, com deficiência mental, física, auditiva ou visual. Segundo o balanço do Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça aproximadamente 30 mil mulheres estão encarceradas no Brasil. A maioria (51%) tem entre 18 e 29 anos de idade. De acordo com o relatório, 50% delas foram presas por tráfico de drogas.
Mais de 1.300 presos paulistas aproveitaram o indulto do Dia dos Pais para fugir
Dos 23.041 presos que receberam o benefício de passar o Dia dos Pais em casa, 1.344, o que equivale a cerca de 6%, não retornaram para o presídio. Como não voltaram para a cadeia, eles são agora considerados foragidos, além de terem perdido a condição de regime semiaberto. O indulto, saída temporária da prisão, é uma autorização judicial aos presidiários que cumprem pena em regime semiaberto e apresentam bom comportamento. Esse benefício é aplicado a cinco festividades ao longo do ano: Natal e Ano Novo, Páscoa, Dia das Mães, Dia dos Pais e Dia das Crianças/Finados. Utilizar-se do indulto para fugir não é novidade. No último natal e ano-novo, referente ao ano de 2009, quase 2.000 presos não retornaram. Na época, havia 23.331 detentos no sistema penitenciário paulista. Um desses presos que aproveitou a liberdade temporária para escapar foi Eduardo Lapa dos Santos, o Lapa ou Gordão, apontado pelo Ministério Público Estadual como um dos comandantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). O sujeito estava condenado a 53 anos, por roubo, sequestro e furto, mas a Justiça achou que ele tinha bom comportamente.
Novo presidente herdará 21 mil cargos de confiança
Dados oficiais mostram que o próximo presidente da República vai encontrar uma máquina pública inchada, com cerca de 21 mil cargos de confiança, os chamados DAS (cargos de Direção e Assessoramento Superior), preenchidos. Segundo o Ministério do Planejamento, o governo Lula tem 21.358 DAS. Em 2002, último ano da gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso, eram 18.374, o que representa uma diferença de quase 3 mil vagas. Dos atuais cargos de confiança, 5,8 mil, ou 27,6% do total, são ocupados por pessoas que não prestaram concurso público. Os dados estão no último Boletim Estatístico de Pessoal, divulgado pelo Planejamento, com dados atualizados até março. O número de servidores contratados sem concurso teve um crescimento de 40,63%, de dezembro de 2002 até novembro.
Carlos Heitor Cony
Quem é quem
Durante a campanha, os candidatos à Presidência bem que podiam aproveitar o tempo de exposição de que dispõem, sobretudo na televisão, para falar sobre a própria vida pessoal, as dificuldades que tiveram nas carreiras, na família, nos estudos, nos cargos que já exerceram, as soluções que encontraram, as vitórias e derrotas da complicada luta do viver.
Sabe-se muito pouco sobre eles, o material existente e divulgado não se diferencia do elogioso e marqueteiro currículo de vida com que qualquer pretendente a qualquer cargo procura se apresentar ao possível patrão.
É óbvio que falam muito sobre o que desejam e podem, dão palpites sobre célula-tronco, aborto, enriquecimento de urânio, preparação de atletas para as Olimpíadas, conquista espacial, aproveitamento do lixo, combate ao tráfico, salários dos professores, Estado laico e desenvolvimento do cinema nacional.
Uns pelos outros, todos têm e prometem medidas convergentes ou complementares para todos os problemas da nação, dos Estados e dos municípios.
Mas, no fundo, ficamos sabendo muito pouco de quem é quem, como se comportam ou comportaram na vida comum, na família, nos estudos, nos cargos que exerceram, como reagem quando perdem ou quando ganham, nas doenças, na educação dos filhos, na própria educação recebida.
De Serra sabemos alguma coisa pelos cargos que exerceu, desde estudante. De Dilma, que foi guerrilheira, mas sem muitos detalhes. De Marina, que aprendeu a ler aos 16 anos (este fato é realmente revelador em termos biográficos). De Plínio, que é um intelectual.
Uma vez perguntei a uma jovem que me impressionara qual era a cor de sua pasta de dentes. Colou. Tivemos um caso e até um filho.
Beirute busca inspiração no Brasil para incentivar "indústria" de plásticas
Fama do cirurgião Ivo Pitanguy e da beleza da mulher brasileira fizeram do país referência na formação de profissionais da área
Qual a diferença entre a mulher libanesa e a brasileira? Nas mãos de um cirurgião plástico especializado em próteses de seios, algo em torno de 300 ml.
"Brasileiras gostam de uma aparência mais natural e geralmente não pedem mais que 300 ml de silicone em cada seio", diz o cirurgião Toni Nassar. "Libanesas, exibicionistas, pedem o dobro."
Nassar é um dos cirurgiões plásticos mais procurados do Líbano, que nos últimos anos tornou-se capital da beleza no Oriente Médio.
E, quando se fala em cirurgia estética, o Brasil é uma referência. Impulsionado pela fama do carioca Ivo Pitanguy e da beleza da mulher brasileira, o país é sinônimo de qualidade nas cirurgias que viraram sonho de consumo.
Não é à toa que Nassar decidiu dar a sua rede de consultórios e spas o nome de Clínicas Estéticas Brasileiras. Em apenas quatro anos, já abriu quatro filiais.
O Brasil como marca ajudou Nassar a se tornar um dos profissionais de maior visibilidade num negócio que rende milhões. Segundo Nassar, o "top five" na preferência dos clientes é: lipoaspiração, nariz, aumento de seios, correção da face e abdome. E cada vez mais homens procuram a clínica, para botox, lipo e até implante de peito.
De cada dez cirurgias feitas na clínica de Nassar, quatro são em clientes do endinheirado golfo Pérsico.
Enquanto há diferença entre os gostos de brasileiras e libanesas, a estética no recatado golfo Pérsico tem peculiaridades que, surpreendentemente, aproximam-se do padrão verde e amarelo. As libanesas dão prioridade aos seios, mas as mulheres do golfo querem aumentar o bumbum, diz Nassar.
"Já operei princesas e artistas e muitas vezes sou levado ao golfo para uma única cirurgia", conta o médico, que se formou em 2006 no Rio e fez especialização na clínica de Pitanguy.
Em outubro Beirute sedia um congresso mundial de cirurgiões plásticos, e as palestras de 15 médicos que virão do Brasil estão entre as mais esperadas.
PS: Além da qualidade dos médicos, vários com especialização no Brasil, o que atrai são os preços, até quatro vezes menores que na Europa e nos EUA.
Gato imita macaco para atacar presa
Um gato selvagem que vive na Amazônia é capaz de imitar os gritos dos saguis que caça para atraí-los, descobriu um trio de cientistas trabalhando na região.
"Ouço isso há um bom tempo do pessoal do interior, que vive no mato desde criancinha, mas para mim era lenda", diz Fábio Rohe, biólogo da Wildlife Conservation Society (WCS, a Sociedade para Conservação da Vida Selvagem) e um dos autores da descoberta.
A observação foi feita na Reserva Florestal Adolpho Ducke, nos arredores de Manaus. A espécie boa de imitação é o gato-maracajá (Leopardus wiedii), mas os cientistas acreditam (e os depoimentos dos nativos vão nesse sentido) que pumas e jaguares podem adotar estratégias semelhantes.
Além disso, pode ser que outras espécies de pequenos primatas além do saium-de-coleira (Saguinus bicolor) sejam vítimas dos ataques.
"A observação foi sorte total", diz Rohe. "Se tivéssemos planejado um estudo para procurar só por essas imitações, ficaríamos um ano e não encontraríamos nada. É raríssimo."
Os cientistas estavam vendo um grupo de oito dos macaquinhos comendo em uma árvore quando um gato, no chão, começou a imitar os gritos de um filhote de sagui.
Parte dos macacos desceram para ver se algum bebê tinha ficado para trás, quando o gato saiu da folhagem e atacou os saguis - que conseguiram fugir.
Rohe espera que, agora, mais cientistas prestem atenção em gatos selvagens imitando macacos enquanto estiverem na floresta, e que a literatura sobre isso cresça.
Gato Maracajá ( Leopardus wiedii )
O gato maracajá possui hábito noturno e habita matas altas e densas. Refugia-se em ocos de tronco, tocas de outros animais ou na vegetação cerrada.
Alimenta-se de ratos e aves de pequeno e médio porte, mas também se alimenta de frutas e sementes.
Sua gestação é de 80 dias, nascendo de um a dois filhotes
É muito parecido com a jaguatirica, embora menor, e de cauda mais longa.
O gato maracajá diferencia-se dos outros felinos devido à sua coloração, e por estar ameaçado de extinção. Seu tamanho varia de 78 a 91cm de comprimento e pesa cerca de 3kg.
Açaí conquista o mundo, mas se elitiza na Amazônia
Popularização da fruta em São Paulo, Rio e exterior fez preço disparar e reduziu consumo em sua terra natal
A popularização do açaí no mundo está elitizando o consumo da fruta em sua terra natal, a Amazônia. Números divulgados recentemente mostram que, nos últimos 16 anos, ele se tornou um alimento caro -e isso pode indicar uma mudança profunda na identidade regional, diz uma estudiosa.
Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o litro do açaí no Pará, que custava R$ 1,50 em 1994, subiu 650%. Hoje, chega a custar mais de R$ 11.
Se tivesse aumentado no ritmo da inflação, estaria só em R$ 5,50. E o preço pesa, por dois motivos.
Primeiro, porque o consumo é alto: tradicionalmente, o açaí era servido no café da manhã, almoço e jantar.
Segundo, porque os que mais dependiam da fruta eram os mais pobres. No Pará, 1,2 milhão de pessoas ganha menos do que um salário mínimo (R$ 510).
Resultado: cada vez os paraenses comem menos açaí. Apesar de não existirem dados estatísticos, a tendência não deve arrefecer, afirma Roberto Sena, do Dieese.
"Podemos dizer com tranquilidade: o açaí não é mais o arroz com feijão do paraense", diz, lembrando que até o vermelho da bandeira do Pará é associado à fruta.
Sena atribui a explosão do preço ao aumento gigantesco da demanda, que ultrapassou em muito a capacidade de produção.
Antes uma fruta de consumo apenas local, há cerca de dez anos seu gosto invadiu as academias e praias de São Paulo e do Rio, o mercado dos EUA e a Europa.
Na trajetória fora da Amazônia, ele virou suco industrializado, foi embalado em pílulas e, mais comum, servido doce em tigelas com frutas e granola.
PS: Levado pela fama de ter elementos antioxidantes e retardar o envelhecimento, ele foi adotado pela megacelebridade americana Oprah Winfrey, já eleita a "mulher mais influente do mundo".
Nos últimos dois anos, Winfrey "bombou" a "comida supersaudável", como o açaí foi apelidado por médicos dos EUA, em seu programa de TV e em seu site.
A historiadora Leila Mourão, que fez seu doutorado em história social sobre a cultura da fruta, notou que nos últimos dez anos metade das bancas avulsas que vendiam a fruta em Belém sumiu.
"O consumo migrou para as grandes redes de supermercados. De certo modo, a comida foi desumanizada. É toda uma tradição que está se perdendo", afirma.
Datagula
Veja quanto comeram os presidenciáveis em comícios, caminhadas e eventos de campanha entre os dias 1º e 12 de agosto.
JOSÉ SERRA
total: +- 1.400 kcal
O tucano é a draga do corpo a corpo eleitoral: tem ampla aceitação a folheados, frutas, pudins e bolos. E boa penetração entre saquês e cafés.O Datagula acusa curva ascendente de peso
MARINA SILVA
total: +- 650 kcal
A candidata verde perigava não pontuar na pesquisa - em atos de campanha, só bebe água. Mas veio o almoço na Câmara Americana de Comércio, na quarta, com salada de folhas equinoa (orgânicas) e um filé de pintado (de um sítio de aquicultura sustentável, bem entendido)
DILMA ROUSSEFF
total: +- 227 kcal
De regime, a petista encolhe na projeção calórica. A taxa de rejeição a feijoada, pizza e polpetone, seus pratos preferidos, cresce. Cafés, pães de queijo e damascos secos são seu novo cardápio.
SITUAÇÃO
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