Ministério Público aponta fraudes de R$ 2,5 bilhões no Bolsa Família — entre possíveis irregularidades há pessoas que estariam recebendo o
benefício sem ter direito, como servidores públicos e doadores de campanhas políticas
Lançamento do Bolsa Família pelo governo Lula, em 2003 |
Um levantamento feito pelo Ministério Público Federal apontou suspeitas
de fraudes no pagamento do programa Bolsa Família que podem chegar a R$
2,5 bilhões e atingir 1,4 milhão de beneficiários.
Entre as possíveis irregularidades encontradas pelo órgão há saques
realizados por pessoas que já morreram, indivíduos sem CPF ou com CPFs
múltiplos, além de pessoas que estariam recebendo o benefício sem ter
direito, como servidores públicos e doadores de campanhas políticas.
Os dados foram levantados a partir do cruzamento de informações do
cadastro de beneficiários com dados da Receita Federal, Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) e Tribunais de Contas.
Essas irregularidades foram identificadas em pagamentos feitos entre
2013 e 2014. O Ministério Público deu prazo de 30 dias para que o
Ministério de Desenvolvimento Social e Agrário informe quais
providências serão tomadas diante de inconsistências identificadas.
O levantamento fez parte de um projeto lançado pelo procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, em junho do ano passado e tem como objetivo
combater as fraudes do programa.
Em nota, o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário afirmou que
“não ignora a possibilidade de irregularidades ocorridas na gestão
anterior”, isto é, da presidente afastada Dilma Rousseff. O texto também
diz que a “pasta está empenhada em aperfeiçoar o controle e os
mecanismos de fiscalização dos beneficiários do Bolsa Família” e que
integrantes do ministério entraram em contato com o Ministério Público
Federal para tratar do assunto e criar um comitê de controle “para
depurar e garantir que o Bolsa Família seja destinado para quem mais
precisa”.
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