terça-feira, 31 de maio de 2016

Consultor britânico cria 'índice de bom país' e propõe partido global



O consultor britânico Simon Anholt, criador do Nation Brands Index e do Good Country Index


A candidatura de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos tem sido discutida como um tema de relevância mundial.
Em discurso recente, Barack Obama chegou a dizer que líderes internacionais estão "surpresos" com o virtual candidato republicano, "aturdidos" com propostas como a de cancelar o acordo internacional da conferência do clima da ONU em Paris.
 Este tipo de preocupação internacional é justificada, segundo o consultor britânico Simon Anholt. Medidas tomadas unilateralmente por um país podem afetar todo o mundo, ele explica.
"Vivemos em uma era de globalização avançada, em que todo comportamento de um Estado no mundo tem o potencial de produzir impactos profundos na vida de pessoas em outras partes do planeta", afirmou Anholt.
 É a partir deste princípio internacionalista que Anholt desenvolveu um índice para medir o quanto cada país do mundo é "bom". O "Good Country Index" avalia a contribuição de cada nação para além das suas fronteiras.


O índice coloca a Irlanda em primeiro lugar, e os Estados Unidos aparecem apenas em 21º, o que reflete efeitos negativos de decisões do país sobre guerras e o aquecimento global, por exemplo.
O Brasil é o 49º no ranking, mau avaliado sobretudo em questões econômicas, científicas e de paz. "O Brasil poderia contribuir muito mais para o mundo, ser mais aberto e ter maior colaboração internacional", disse.
Anholt nega que o julgamento dos países no ranking seja de natureza moral. Seu projeto, afirmou, visa descobrir o país que mais contribui para o bem da humanidade a partir de informações de 35 bancos de dados da ONU.
O índice avalia 125 nações em ciência e tecnologia, cultura, paz e segurança, ordem mundial, ambiente, prosperidade e igualdade, saúde e o bem estar do planeta.

IMAGEM E AÇÃO — O projeto de falar sobre o "bom país" se baseia na experiência de Anholt lidando com relações internacionais e a projeção de imagem nacional no mundo.
O consultor é especialista em estudos de percepção e de reputação internacional de nações e criador do termo "nation brand", que avalia a forma como os países são vistos — como "marcas globais".
Ele conta que, enquanto oferecia conselhos sobre como os países poderiam melhorar a forma como eram vistos, percebeu que as reputações tinham muito a ver com a realidade interna e identidades nacionais. Concluiu então que o caminho para ser bem visto era apenas "ser bom", agir de forma correta e responsável com o planeta.
"A reputação internacional de um país não pode ser construída artificialmente, apenas conquistada. Ao analisar dez anos de dados sobre marcas de países, descobri que a principal razão pela qual uma pessoa admira um país mais de que o outro não é a crença em seu sucesso, poder, beleza ou riqueza, mas a percepção de que ele contribui para o mundo."
Além do ranking, Anholt propõe um partido internacional, voltado a deixar de lado as medidas "egoístas" dos países e a pensar o planeta como um todo. O Good Country Party (Partido do Bom País) é um projeto de cooperação global que visa reunir as pessoas em torno de uma visão cosmopolita do mundo.
Soa ingênuo, mas Anholt diz que não. "A pesquisa sugere que, em média, ao menos 10% da população global concorda com os princípios do "Bom País". São 700 milhões de pessoas", disse.
Se o projeto pode ser lido como altruísta e inocente, há críticos que aponta, uma abordagem anticapitalista, por causa da oposição que faz à competição.
Anholt discorda — "Não tem nada a ver com por a colaboração global acima dos interesses nacionais. Não estou pedindo para os governo se sacrificarem ou serem altruístas e caridosos", diz. "O projeto visa harmonizar interesses domésticos e internacionais para produzir resultados melhores nas duas áreas."




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