Mesmo com orçamento apertado, é possível fugir da poupança e ganhar mais — quase metade dos brasileiros diz não ter dinheiro para investir; especialistas indicam o Tesouro Direto, que permite aportes a partir de R$ 30
Investir pouco dinheiro não precisa — e nem deve — ser sinônimo de
guardar moedas no cofrinho. Mesmo em tempos de orçamento apertado, é
possível fazer investimentos com qualidade e rentabilidade, fugindo dos
juros baixos pagos pela caderneta de poupança. Segundo especialistas, a
melhor forma de começar é com o Tesouro Direto, que permite fazer
aportes com apenas R$ 30.
A oportunidade de investir bem, no entanto, ainda esbarra na falta de
planejamento. Uma pesquisa da BlackRock, maior gestora de fundos do
mundo, mostra que 49% dos brasileiros dizem não investir porque não têm
dinheiro. A renda média considerada no levantamento é de R$ 3,1 mil
mensais, 60% mais que o rendimento médio da população e 3,5 vezes maior
que o salário mínimo.
“Gerar riqueza independe do salário que a pessoa recebe. Uma pessoa pode
gastar mais do que ganha mesmo com uma renda mensal de R$ 30 mil”, diz o
educador financeiro da Novi, Vinicius Biermann Azambuja. Segundo ele, o
primeiro passo é começar a guardar uma determinada quantia por mês,
como se fosse uma conta a ser paga. “O ideal é chegar a 20% do salário”,
explica.
Dados do Tesouro Direto mostram que o brasileiro já vê esse produto como
uma alternativa à poupança. Aportes de até R$ 1 mil alcançaram quase
40% de todas as aplicações feitas em abril de 2016. Há um ano, essa
faixa representava 34% dos investimentos. O número de pessoas que
investem até R$ 1 mil também deu um salto significativo: passou de 20
mil, em abril de 2015, para 44,7 mil em abril deste ano.
Na corretora Rico, quem aplica até R$ 500 no Tesouro Direto recebe até
três salários mínimos (42%) e tem entre 26 e 35 anos (73%). “A internet e
o acesso à informação estão permitindo que os pequenos investidores
tenham acesso a oportunidades melhores de investimento”, diz Norberto
Giangrande, sócio da Rico.
Para o diretor da corretora Easynvest, Amerson Magalhães, o Tesouro
Direto democratizou o título público. “Quem investe R$ 30 ou R$ 1 milhão
tem acesso à mesma rentabilidade”, afirma Magalhães. Mais conservador, o
título Tesouro Selic paga a taxa básica de juros, atualmente em 14,25%
ao ano, e não há o risco de perder dinheiro se o investidor vender o
papel antes do vencimento. A poupança, por sua vez, oferece em torno de
8% ao ano.
Mas a rentabilidade não é a única preocupação do brasileiro na hora de
poupar. A pesquisa da BlackRock aponta que 46% querem sacar o dinheiro
imediatamente em caso de necessidade. “O Tesouro tem liquidez diária, ou
seja, o investidor vende o título hoje e amanhã já está com o dinheiro
na conta”, explica Magalhães.
É preciso estar atento, no entanto, às taxas e aos impostos que incidem
sobre os investimentos. Diferentemente da poupança, os rendimentos do
Tesouro Direto são tributados de acordo com a tabela regressiva de
Imposto de Renda. No caso de resgate antes de seis meses de aplicação,
incide a alíquota de 22,5%; entre seis meses e um ano, 20%; entre um e
dois anos, 17,5%; acima de dois anos, 15%. Bancos e corretoras também
costumam cobrar uma taxa de administração.
Há quem tenha receio de investir em títulos públicos por causa da crise
econômica no País, mas o especialista em finanças Rafael Seabra minimiza
os riscos. “Essa é a aplicação mais segura que existe no mercado, pois é
garantida pelo Tesouro Nacional, que é mais forte que qualquer banco”,
explica.
Segundo Magalhães, da Easynvest, o próximo passo é aprender a
diversificar os investimentos. “Como o investimento inicial é pequeno, o
investidor pode utilizar o Tesouro Direto para acumular uma quantia e
depois buscar outras alternativas”, diz. Outros produtos da renda fixa,
como CDB e LCI, oferecem taxas melhores para aportes maiores.
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