Filho de 7 anos de Temer tem R$ 2 milhões em imóveis — caçula de presidente em exercício, Michelzinho é dono de conjunto de escritórios no Itaim-Bibi — pai diz ter feito 'doação' como forma de 'antecipar herança'
Prédio na zona sul de São Paulo onde Temer tem escritórios |
Aos 7 anos de idade, completados em 2 de maio, Michel Miguel Elias Temer
Lulia Filho, mais conhecido como Michelzinho, é proprietário de pelo
menos dois imóveis cujos valores somados superam R$ 2 milhões. O pai,
Michel Miguel Elias Temer Lulia, de 75 anos, presidente em exercício da
República, passou para o nome do único herdeiro do seu casamento com
Marcela Temer dois conjuntos comerciais que abrigam seu escritório
político em São Paulo.
Localizados no Edifício Lugano, no Itaim-Bibi, zona sul da capital
paulista, cada conjunto tem 196 m² e valor venal de R$ 1.024.802,
segundo a Prefeitura de São Paulo — os dados são públicos e podem ser
consultados na internet. O valor de mercado costuma ser de 20% a 40%
mais alto do que o valor de referência usado pela Prefeitura para
calcular o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Mesmo assim, na declaração de bens que Temer apresentou à Justiça
Eleitoral em 2014, cada conjunto é avaliado em apenas R$ 190 mil. Isso é
comum nas declarações de políticos, pois os imóveis costumam ser
declarados pelo valor de quando foram comprados. A legislação não obriga
a atualização do valor.
Doação — A assessoria de imprensa de Temer informou que a transferência
foi feita como doação, uma espécie de antecipação da herança, e que as
filhas do presidente em exercício também já receberam imóveis em outros
momentos. A assessoria não esclareceu quais imóveis foram doados para as
filhas, nem em que data isso ocorreu.
Luciana, Maristela e Clarissa, fruto do primeiro casamento de Temer, são
proprietárias de imóveis residenciais na zona oeste de São Paulo,
segundo a Prefeitura. A primeira também é dona de um escritório no mesmo
prédio onde ficam os imóveis transferidos para seu irmão.
Outros bens — No caso da declaração de bens de Temer apresentada quando
foi candidato a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff, a casa que
possui na zona oeste de São Paulo também está subavaliada. Em 2014, o
presidente em exercício declarou a residência de 415 m² no Alto de
Pinheiros, comprada em 1998, por R$ 722.977,41. Na Prefeitura, o valor
venal é de R$ 2.875,109. Sobre esse valor incide a cobrança de IPTU.
Se a casa e os dois conjuntos do Itaim-Bibi tivessem seu valor corrigido
para pelo menos o valor venal, o patrimônio declarado de Temer
aumentaria em pelo menos R$ 3,6 milhões e chegaria a um total de mais de
R$ 11 milhões. Isso não inclui outra casa, de R$ 1.434.558, no bairro
do Pacaembu, pela qual ele responde a uma ação por não pagamento de
IPTU, e que Temer diz ter vendido.
O patrimônio do presidente interino cresceu rapidamente desde 2006.
Naquele ano, Temer foi candidato a deputado federal e declarou bens no
valor de R$ 2.293.645,53. Se corrigido pelo IGP-M da Fundação Getúlio
Vargas, eles corresponderiam, em 2014, a R$ 3.678.526,22. Porém, seu
patrimônio declarado à Justiça Eleitoral em 2014 já havia crescido para
R$ 7.521.799,27. Ou seja, mais do que dobrou acima da inflação entre
duas eleições — e isso sem levar em conta a valorização dos imóveis.
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