Israel anuncia que soldado que havia desaparecido está morto
Hadar Goldin |
O Exército israelense anunciou que o soldado que havia desaparecido em Gaza foi morto em combate.
Israel vinha afirmando até então que Hadar Goldin, de 23 anos, havia
sido capturado por militantes do grupo islâmico Hamas durante um
combate, em um episódio que provocou o fim de um cessar-fogo temporário
entre os dois lados. A trégua deveria durar três dias, mas fracassou em
menos de três horas.
O Hamas havia negado desde início envolvimento com o caso e seu braço
militar (as Brigadas Qassam) disse ter perdido contato com os seus
militantes na região, levantando a suspeita de que todos, incluindo
Goldin, haviam sido mortos no ataque israelense.
Milhares de pessoas se reuniram na porta da família do soldado, em Kfar Saba, para homenageá-lo.
Colapso
A confirmação da morte de Goldin veio à tona no momento em que um
porta-voz da ONU em Gaza, Chris Guness, fez um alerta sobre a
catastrófica situação na região.
“Após mais de três semanas de conflitos intensos, os serviços médicos de
Gaza estão à beira de um colapso. O que vemos agora é um desastre
humanitário de grandes proporções”, disse.
Ele afirmou ainda que hospitais, clínicas e ambulâncias foram destruídos
durante os ataques e que ao menos 40% dos profissionais de saúde não
conseguem trabalhar.
Segundo ele, os palestinos enfrentam agora sérios riscos de um surto de
doenças transmissíveis por água contaminada, por conta da destruição da
infraestrutura local.
Saldo de mortos
Com a confirmação da morte de Goldin, sobe para 66 o número de mortos do
lado israelense, sendo 64 soldados, desde o início do conflito, há três
semanas.
Mais de 1.670 palestinos já foram mortos por ataques israelenses, sendo a grande maioria (cerca de 75%) formada por civis.
Desde o fim do cessar-fogo, ataques israelenses já mataram cerca de 200
palestinos, afirmaram autoridades médicas em Gaza. A grande maioria das
mortes ocorreu em Rafah, no sul de Gaza, onde Israel concentrava suas
operações para encontrar Goldin.
Um trabalhador tailandês também morreu em Israel.
Quase 9 mil palestinos foram feridos, segundo o Ministério da Saúde de
Gaza. Mais de 520 mil pessoas foram desalojadas em Gaza, mais de um
quarto da população local (1,7 milhão).
Túneis
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que seu país
vai continuar sua ofensiva contra Gaza mesmo após serem destruídos os
túneis do Hamas, que atravessam a fronteira entre os dois territórios.
Durante uma entrevista coletiva, Netanyahu afirmou que os bombardeios
não vão parar até que as metas de segurança de Israel sejam alcançadas e
que o grupo islâmico vai pagar um "preço intolerável" por atacar os
israelenses e não deu prazo para a ofensiva terminar.
"Após completarmos nossas ações contra os túneis, vamos dar continuidade
às nossas atividades, seguindo as necessidades relativas à segurança,
até que alcancemos nosso objetivo de devolver a paz para os cidadãos
israelenses", disse o premiê.
"Desde o começo, prometemos devolver a tranquilidade aos israelenses e
vamos seguir adiante até que isso aconteça. Vamos colocar todo o esforço
necessário e vamos investir o tempo que for necessário para que isso
aconteça."
Negociações no Egito
As declarações de Netanyahu foram feitas enquanto delegações
internacionais chegavam à capital do Cairo, Egito, para uma rodada de
negociações para alcançar um cessar-fogo permanente. Porém, há indícios
de que Israel tenha enviado representantes para o encontro.
O presidente do Egito, Abdul Fattah al-Sisi, encarregado de mediar as
negociações junto com EUA, Catar, Turquia e outros interlocutores, disse
que a proposta é "a única chance real de encontrar uma solução para
Gaza que ponha um fim ao derramamento de sangue".
"O tempo é decisivo. Temos de tirar vantagem dele rapidamente para
apagar o fogo e parar o derramamento de sangue dos palestinos", disse o
líder egípcio.
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