sábado, 23 de agosto de 2014


Ex-diretor da Petrobras preso na Operação Lava-Jato decide fazer delação premiada
Doleiro Alberto Youssef deve anunciar segunda-feira se também vai aderir a acordo com a Justiça

Ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras, Paulo Roberto Costa
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, está oferecendo à Justiça Federal do Paraná fazer um depoimento em regime de delação premiada, quando falaria tudo o que sabe sobre contratos com a Petrobras. Na sexta-feira, 22 de agosto, Paulo Roberto Costa se reuniu com a advogada Beatriz Lessa da Fonseca Catta Preta na sede Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde está preso, e a acertou que vai encaminhar o pedido formalmente.
O doleiro Alberto Youssef, outro preso durante a operação Lava-Jato, também deve aderir à delação premiada nos próximos dias. A decisão deve ser anunciada na segunda-feira, 25 de agosto, segundo o advogado do doleiro, Antônio Figueiredo Basto.
— Não recomendo essa estratégia. Acho que ainda há teses processuais que podem ser esgotadas. Mas isso demoraria muito tempo, e ele esperaria preso — disse Basto. — Desaconselho o acordo com a Justiça, mas compreendo completamente. Conversei muito com meu cliente hoje, e uma decisão deve sair na segunda-feira. É uma decisão pessoal .
A decisão tomada por Paulo Roberto da Costa descontentou seu atual advogado, Nélio Machado, que soube da delação na sexta-feira (22).
— Não concordo com a decisão da delação premiada e por isso pretendo deixar a causa. Afinal, ainda impetrei habeas corpus pedindo a libertação do meu cliente e acredito que não cometeu nenhum crime e por isso não posso concordar com a delação premiada — disse Nélio Machado.
A advogada Beatriz Catta Preta, que se reuniu com Costa na sexta-feira (22), é especialista em delação premiada. A reportagem não conseguiu falar com ela no escritório e nem em sua casa.
Com a delação premiada, Paulo Roberto Costa pode negociar redução de pena e até pedir que seus parentes, como filhas e genros, não sejam envolvidos nos processos que ele responde. O ex-diretor da Petrobras percebeu que pelo encaminhamento das ações contra ele, dificilmente deixará de ter pesadas condenações. Ele estaria disposto a falar tudo o que sabe, o que deve envolver outros dirigentes da Petrobras e também de políticos que teriam se beneficiado pelo esquema que ele montou.
Além de Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef também está indiciado no esquema que movimentou mais de R$ 10 bilhões.

PF FEZ OPERAÇÃO NA SEXTA-FEIRA
A Polícia Federal cumpriu na sexta-feira, 22 de agosto, no Rio de Janeiro, 12 mandados na sexta fase de diligências da Operação Lava-Jato, sendo 11 deles de busca e apreensão e um de condução coercitiva - quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento - em empresas vinculadas ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, e seus familiares. No início da tarde de sexta-feira, três carros da operação chegaram à Superintendência da Polícia Federal com os malotes de documentos apreendidos nas empresas suspeitas de ligação com o ex-diretor da estatal.
As medidas foram requeridas ao juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba pelos integrantes da Força Tarefa do Ministério Público Federal, em trabalho conjunto com a Polícia Federal. Um sócio do genro de Costa seria ouvido pelo suposto empréstimo de dinheiro a ele, o qual foi apreendido posteriormente com o executivo em casa.

ENTENDA A LAVA-JATO
A Polícia Federal indiciou 46 pessoas por lavagem de dinheiro e evasão de divisas, entre elas o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef. O ex-diretor da Petrobras e o doleiro atuaram juntos na área de consultoria a empresas que têm negócios com a Petrobras. Dono da empresa Costa Global, Paulo Roberto Costa havia se associado a Youssef para a compra da Ecoglobal, empresa que obteve um contrato de R$ 443,8 milhões com a estatal, segundo a investigação. Esse contrato foi apreendido na sede da Petrobras.
Pelas investigações da PF, Youssef e outros três doleiros movimentaram aproximadamente R$ 10 bilhões de forma atípica. Alguns indiciados foram apontados também por corrupção, formação de quadrilha e tráfico de drogas.

As ligações de Alberto Youssef

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