Ex-diretor da Petrobras preso na Operação Lava-Jato decide fazer delação premiada
Doleiro Alberto Youssef deve anunciar segunda-feira se também vai aderir a acordo com a Justiça
Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa |
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, está
oferecendo à Justiça Federal do Paraná fazer um depoimento em regime de
delação premiada, quando falaria tudo o que sabe sobre contratos com a
Petrobras. Na sexta-feira, 22 de agosto, Paulo Roberto Costa se reuniu
com a advogada Beatriz Lessa da Fonseca Catta Preta na sede
Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde está preso, e a
acertou que vai encaminhar o pedido formalmente.
O doleiro Alberto Youssef, outro preso durante a operação Lava-Jato,
também deve aderir à delação premiada nos próximos dias. A decisão deve
ser anunciada na segunda-feira, 25 de agosto, segundo o advogado do
doleiro, Antônio Figueiredo Basto.
— Não recomendo essa estratégia. Acho que ainda há teses processuais que
podem ser esgotadas. Mas isso demoraria muito tempo, e ele esperaria
preso — disse Basto. — Desaconselho o acordo com a Justiça, mas
compreendo completamente. Conversei muito com meu cliente hoje, e uma
decisão deve sair na segunda-feira. É uma decisão pessoal .
A decisão tomada por Paulo Roberto da Costa descontentou seu atual
advogado, Nélio Machado, que soube da delação na sexta-feira (22).
— Não concordo com a decisão da delação premiada e por isso pretendo
deixar a causa. Afinal, ainda impetrei habeas corpus pedindo a
libertação do meu cliente e acredito que não cometeu nenhum crime e por
isso não posso concordar com a delação premiada — disse Nélio Machado.
A advogada Beatriz Catta Preta, que se reuniu com Costa na sexta-feira
(22), é especialista em delação premiada. A reportagem não conseguiu
falar com ela no escritório e nem em sua casa.
Com a delação premiada, Paulo Roberto Costa pode negociar redução de
pena e até pedir que seus parentes, como filhas e genros, não sejam
envolvidos nos processos que ele responde. O ex-diretor da Petrobras
percebeu que pelo encaminhamento das ações contra ele, dificilmente
deixará de ter pesadas condenações. Ele estaria disposto a falar tudo o
que sabe, o que deve envolver outros dirigentes da Petrobras e também de
políticos que teriam se beneficiado pelo esquema que ele montou.
Além de Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef também está indiciado no esquema que movimentou mais de R$ 10 bilhões.
PF FEZ OPERAÇÃO NA SEXTA-FEIRA
A Polícia Federal cumpriu na sexta-feira, 22 de agosto, no Rio de Janeiro, 12 mandados na sexta fase de diligências da Operação Lava-Jato,
sendo 11 deles de busca e apreensão e um de condução coercitiva -
quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento - em empresas vinculadas
ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, e seus familiares. No
início da tarde de sexta-feira, três carros da operação chegaram à
Superintendência da Polícia Federal com os malotes de documentos
apreendidos nas empresas suspeitas de ligação com o ex-diretor da
estatal.
As medidas foram requeridas ao juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba
pelos integrantes da Força Tarefa do Ministério Público Federal, em
trabalho conjunto com a Polícia Federal. Um sócio do genro de Costa
seria ouvido pelo suposto empréstimo de dinheiro a ele, o qual foi
apreendido posteriormente com o executivo em casa.
ENTENDA A LAVA-JATO
A Polícia Federal indiciou 46 pessoas por lavagem de dinheiro e evasão
de divisas, entre elas o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo
Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef. O ex-diretor da Petrobras e o
doleiro atuaram juntos na área de consultoria a empresas que têm
negócios com a Petrobras. Dono da empresa Costa Global, Paulo Roberto
Costa havia se associado a Youssef para a compra da Ecoglobal, empresa
que obteve um contrato de R$ 443,8 milhões com a estatal, segundo a
investigação. Esse contrato foi apreendido na sede da Petrobras.
Pelas investigações da PF, Youssef e outros três doleiros movimentaram
aproximadamente R$ 10 bilhões de forma atípica. Alguns indiciados foram
apontados também por corrupção, formação de quadrilha e tráfico de
drogas.
As ligações de Alberto Youssef |
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