Primeiro debate Presidencial de 2014
Dilma evita Marina em debate e Aécio tenta ligar ex-ministra ao PT
Em 1º debate de TV da disputa ao Planalto, candidata do PSB explora imagem de ‘terceira via’ fazendo elogios a FHC e Lula
Em 1º debate de TV da disputa ao Planalto, candidata do PSB explora imagem de ‘terceira via’ fazendo elogios a FHC e Lula
Sob o impacto da pesquisa Ibope que mostrou Marina Silva (PSB) isolada
na segunda colocação da corrida presidencial, o primeiro debate entre os
candidatos à Presidência, realizado na terça-feira, 26 de agosto, pela
TV Band, foi marcado por confrontos estratégicos e calculados entre os
principais adversários na disputa. Enquanto a presidente Dilma Rousseff,
candidata à reeleição pelo PT, mirou na polarização com o nome do PSDB,
o tucano Aécio Neves partiu preferencialmente para um embate direto com
a sucessora de Eduardo Campos.
Marina reforçou a tática de tentar se colocar como a terceira via
propositiva, apontando o que classifica como equívocos da briga entre PT
e PSDB e insistindo em temas que lhe credenciem como a “nova política”.
Não por acaso, a ex-ministra do Meio Ambiente abriu o bloco de perguntas
dos candidatos questionando a presidente - que lidera as intenções de
voto - sobre o que deu errado com os pactos propostos por Dilma na
esteira das manifestações de junho do ano passado. A petista insistiu
que os cinco pactos que ela desencadeou após as manifestações tiveram
bons resultados. “Nós acreditamos que tudo deu certo.” Marina retrucou
que “o Brasil que a presidente Dilma acaba de mostrar com colorido quase
cinematográfico não existe.”
Na sua vez de perguntar, a petista questionou Aécio se a expressão
“medidas impopulares” utilizada por ele iria significar redução do valor
dos salários e do índice de empregos. O tucano lembrou a carta que
Dilma enviou ao ex-presidente FHC, no início do governo dela, elogiando
medidas como o controle da inflação e a responsabilidade fiscal. Os dois
também protagonizaram o confronto mais duro, no quarto bloco, quando
Aécio perguntou a Dilma se não era hora de a petista pedir desculpas por
“gestão temerária” na Petrobrás.
Dilma afirmou que a declaração do adversário era uma “leviandade” e
citou problemas enfrentados pela empresa estatal durante o governo FHC.
Foi o momento do debate em que a tradicional polarização entre PT e PSDB
ficou mais “quente”.
Alvo. Mas o tucano não podia disfarçar a necessidade de criar um
confronto direto com Marina, que na pesquisa Ibope lhe ultrapassou e
abriu uma vantagem de 10 pontos porcentuais. Na primeira oportunidade
que teve para perguntar, o candidato do PSDB questionou a coerência da
ex-ministra em relação à nova política pelo fato de ela se negar a
compartilhar a campanha com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB), apoiado pelo PSB, e, ao mesmo tempo, fazer um aceno ao
ex-governador e candidato ao Senado, José Serra (PSDB).
Marina disse que defender a nova política é combater a velha
polarização. Aécio criticou o discurso da candidata do PSB afirmando que
o importante é distinguir a boa da má política. Fez também questão de
lembrar que o PT, na época que Marina era filiada, foi contra o Plano
Real e o processo de estabilização.
No final do debate, tentou ligar a ex-ministra de Lula à presidente.
Concluiu sua fala dizendo que “as propostas de Dilma e Marina são muito
parecidas”. Sugeriu que um governo Marina poderá ser uma “aventura”. E
“nomeou” o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que ocupou o
posto no governo FHC, seu ministro da Fazenda caso seja eleito em
outubro.
Como já era esperado, para rebater as críticas sobre a falta de
experiência administrativa, Marina citou os ex-presidentes Luiz Inácio
Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, classificados não como
gerentes, mas pessoas com visão estratégica. Fez elogios aos
ex-presidentes - à estabilidade da gestão FHC e aos investimentos
sociais de Lula -, mas ressaltou que não é “complacente com os erros”.
Quando pôde, se disse a favor de um “estado laico” - adversários usam a
religiosidade da ex-ministra para associá-la a um “obscurantismo
evangélico”. Fez várias menções a Eduardo Campos, cuja morte em 13 de
agosto após um acidente de avião abriu caminho para a sua candidatura ao
Planalto.
Os outros candidatos usaram as perguntas sobretudo para valorizar algum
ponto de vista mais marcante de sua campanha. Eduardo Jorge, do PV, quis
saber de Aécio Neves qual era a posição dele sobre o aborto. Depois de
ouvir o tucano afirmar que vai defender a legislação atual, Jorge
defendeu a mudança da lei, lembrando que 800 mil mulheres praticam
aborto anualmente no Brasil, em condições precárias, em clínicas
clandestinas.
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