OMS pode declarar Ebola ameaça
sanitária mundial
sanitária mundial
Só epidemia de pólio e gripe A receberam o mesmo tratamento;
grupo de especialistas se reúne para tentar conter a proliferação
grupo de especialistas se reúne para tentar conter a proliferação
Em Freetown, agentes de saúde conscientizam a população sobre o contágio do vírus |
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pode declarar o surto do vírus
Ebola “ameaça sanitária internacional”, o que implicaria medidas de
controle e restrições de viagem, além de verificações em aeroportos. A
partir desta quarta-feira, 6 de agosto, 15 especialistas de todo o mundo
se reúnem em caráter de emergência para determinar até que ponto a
proliferação no Oeste da África é um risco para a comunidade
internacional e vão estudar medidas para freá-la.
Se o grupo de cientistas considerar que existe esse risco, as medidas
serão anunciadas nesta sexta-feira, 8 de agosto. Mas os governos no
Oeste da África já se organizam para tentar impedir que haja uma
declaração de restrição de viagens. Para países já fragilizados poderia
representar colapso econômico. A OMS indica que 1,6 mil pessoas já foram
afetadas pelo maior surto da doença, com 887 mortos.
Até hoje, apenas a epidemia de pólio e a gripe A foram alvo de uma
declaração de emergência sanitária mundial. No ano passado, a OMS reuniu
os especialistas em quatro ocasiões para avaliar a situação do
coronavírus no Oriente Médio. Mas em nenhum momento chegou à conclusão
de que seria uma emergência mundial.
Mesmo sem as medidas da OMS, o impacto já é real. Para a Guiné, país
mais atingido, o Ebola deve reduzir a taxa de crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB) de 4,5% para 3,5% em 2014. Isso se a doença for
freada. O comércio entre os países da região despencou e, no campo,
agricultores estão abandonando as regiões mais afetadas pelo vírus.
Na terça-feira, 5 de agosto, a British Airways anunciou que estava
interrompendo voos para a Libéria e Serra Leoa pelo menos até o dia 31
de agosto. O motivo seria “a situação de saúde pública”. “A segurança de
nossos clientes, pilotos e funcionários é sempre nossa prioridade”,
declarou. No domingo, 3 de agosto, a Emirates havia cancelado os voos
para a região. Mineradoras como a London Mining e a African Minerals já
retiraram da região parte dos funcionários e impuseram restrições de
movimentos aos que ficaram. O valor das ações das duas empresas caiu em
60% desde janeiro.
Esperança
Diante de um cenário considerado como de “alto risco”, a esperança é o
tratamento que está sendo dado a dois americanos infectados pelo vírus
do Ebola. Ele receberam remédios experimentais que nem haviam sido
aprovados para a aplicação em seres humanos. Mas os resultados são
“positivos”. O ebola não tem cura e mata entre 50% e 70% dos infectados.
Mas um produto desenvolvido com base na planta de tabaco poderia ser a
solução.
A empresa Mapp Biopharmaceutical Inc. de um pequeno laboratório em San
Diego com nove funcionários, havia testado o remédio ZMapp apenas em
macacos. Mas, em uma tentativa de salvar dois americanos, o uso do
produto foi autorizado. O primeiro paciente foi o médico Kent Brantly,
contaminado na Libéria e transferido para os Estados Unidos. Nancy
Writebol, uma enfermeira, também viveu a mesma situação.
Não existe uma comprovação ainda de que seja o tratamento que tenha
salvo os dois americanos. Mas a esperança é de que o remédio possa pelo
menos retardar o avanço do vírus que, em alguns casos, pode matar em
questão de horas.
O caso, porém, tem levantado um debate sobre a ética de se utilizar um
remédio sem aprovação das agências de regulação. Entre a comunidade
científica, muitos ainda questionam também se não seria o caso de usar
justamente em populações na África, as mais afetadas pela doença.
Uma vacina começará a ser testada em setembro. Mas só estaria à disposição no mercado no fim de 2015.
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