PT abre CPI do metrô e trama CPI do aeroporto
Josias de Souza |
Incomodado com o bumbo que o PSDB e DEM acionaram para amplificar a
denúncia de farsa na CPI da Petrobras, o PT se entendeu com o Planalto e
decidiu aderir à tática do barulho. O partido de Dilma Rousseff retomou
a seguinte linha: quem com CPI fere, com CPI será ferido.
Em combinação com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros
(PMDB-AL), os operadores do PT marcaram para as 15h desta quarta-feira a
instalação da CPI do Metrô de São Paulo. A sessão inaugural será
presidida pelo membro mais idoso da comissão, que é o senador Eduardo
Suplicy (PT-SP).
Se houver quórum, Suplicy coordenará a eleição de um presidente para a
CPI. Em seguida, o eleito assume o comando e indica um relator para a
comissão. Está entendido que o presidente deve ser do PMDB. E o relator
do PT.
Chama-se Amaury Texeira (PT-BA) o deputado que deflagrou, com a anuência
do alto comando do PT, a coleta de assinaturas para abrir uma CPI sobre
o aeroporto de Cláudio. Ele ganhou a adesão instantânea da bancada de
deputados federais do PT mineiro.
Na sessão vespertina desta terça, o líder do PT no Senado, Humberto
Costa (PE), escalou a tribuna para discursar sobre a acusação de que a
CPI da Petrobras alivia o drama dos investigados enviando-lhes as
perguntas com antecedência.
No dizer do líder do PT, a acusação de farsa não passa de “bobajada”.
Classificou de “legítima'' a troca de informações entre investigados e
investigadores. Evocando a CPI do Cachoeira, Humberto Costa disse que o
PSDB também “blindou” o governador tucano de Goiás, Marconi Perilo,
quando ele foi chamado a depor na CPI sobre suas relações com Carlinhos
Cachoeira. “Além de reunir informações, vieram nos pedir civilidade”,
recordou.
A certa altura, o discurso de Humberto pousou na pista de Cláudio. Ele
disse que não vai prejulgar Aécio. Mas acha que o presidenciável tucano
deve explicações à sociedade por ter autorizado, como governador, o
gasto de R$ 14 milhões na construção de um aeroporto em terra
desapropriada de um parente.
Humberto foi aparteado pelos líderes do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira
(SP), e do DEM, José Agripino Maia (RN). Ambos reiteraram as críticas ao
jogo de cartas marcadas da CPI da Petrobras. Abstiveram-se, porém, de
defender Aécio no caso do aeroporto.
Ex-chefe da Casa Civil de Dilma, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR)
ecoou Humberto Costa ao classificar o barulho sobre a Petrobras de
“cortina de fumaça” do tucanato para fugir da polêmica de Cláudio.
Como se sabe, as Comissões Parlamentares de Inquérito tornaram-se o
caminho mais longo entre um escândalo e sua investigação. Ninguém ignora
que as CPIs da Petrobras e a do metrô paulista darão em nada. A
investigação do aeroporto talvez nem saia do papel. Mas quem olha para
as relações intoxicadas de tucanos e petistas não acredita mais em paz
no oriente médio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário