Campos usou outro jatinho de empresário investigado
Além da aeronave que caiu em 13 de
agosto, matando o então presidenciável do PSB, campanha da sigla se
utilizou de um Learjet 45 da Bandeirantes na Bahia
Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em 13 de agosto de 2014 |
Uma das empresas investigadas na compra do jato Cessna Citation 560 XLS,
que caiu matando o candidato a presidente pelo PSB, Eduardo Campos, e
outras seis pessoas, a Bandeirantes Companhia de Pneus Ltda. tem em seu
nome outra aeronave que, em maio, foi usada pelo ex-governador de
Pernambuco durante visita de pré-campanha na Bahia. Trata-se do Learjet
45, prefixo PP-ASV, que Campos usou no dia 20 de maio, em visita a Feira
de Santana. É possível ver a aeronave em uma foto publicada na
imprensa. De acordo com a resolução 23.406, do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), a aeronave que caiu no último dia 13 não poderia ser
utilizada na campanha por estar em nome da AF Andrade, de usineiros de
Ribeirão Preto (SP). A legislação só permitiria que o jato fosse usado
na campanha como doação se a AF Andrade atuasse no ramo de táxis aéreos.
Além de Eduardo Campos, Marina também utilizou o avião em atividades de
campanha.
Mais modesto que o Citation 560 XLS, o avião biorreator usado pelo
candidato naquele dia está registrado na Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac) em nome da Bandeirantes, que tem sede em Pernambuco, e
pertence a Apolo Santa Vieira. Pelo registro na Anac, o Learjet 45 foi
financiado pela Bandeirantes. Como foi comprado por leasing, enquanto a
empresa não terminar de pagá-lo, pertence ao Bank of Utah Trustee.
Apolo Santa Vieira é um dos três empresários pernambucanos investigados
pela Polícia Federal como supostos laranjas na negociação de
arrendamento do Citation, que caiu em Santos (SP). A aeronave está em
nome da AF Andrade, que está em recuperação judicial. Em maio, o
empresário pernambucano João Carlos Lyra de Melo Filho assinou
compromisso de compra da aeronave e indicou as empresas Bandeirantes e
BR Par para assumir dívidas junto à Cesnna.
Agentes da PF, com auxílio da Receita Federal, tentam identificar de
onde veio o dinheiro para a Bandeirantes Pneus, uma importadora e
recuperadora de pneus, comprar o Learjet e o Citation. Por meio de nota,
a empresa informou que tentou assumir o leasing do Citation (que vale
8,5 milhões de dólares), mas que a compra não se efetivou. A AF Andrade
informou que já havia recebido parte das parcelas. No sábado, o
candidato a vice de Marina, deputado Beto Albuquerque, tergiversou ao
tratar do assunto: "Nós queremos saber, e ainda não foi explicado: como
esse avião caiu e matou o nosso líder. Como caiu? Por que caiu? Queremos
Justiça nesse caso. Sobre as circunstâncias de titularidade, de quem
comprou e quem vendeu, isso não é um problema nosso e não era um
problema do Eduardo. É um problema dos proprietários da aeronave. Sobre a
relação do avião que nós usávamos, a direção partidária está apurando
todas as informações para prestar os esclarecimentos necessários",
disse.
Apolo Viera é réu em um processo por sonegação fiscal na importação de
pneus, via porto de Suape (PE), que gerou um prejuízo de 100 milhões de
reais aos cofres públicos. Sua antiga empresa, a Alpha Pneus, e outras,
recorrem em segunda instância. A Bandeirantes foi criada em 2004, em
Jaboatão dos Guararapes (PE) e funciona em um galpão de médio porte. A
reportagem do jornal O Estado de S. Paulo localizou uma movimentação de
importação financiada registrada pelo Banco Central, em dezembro de
2010, de 1,4 milhão de dólares, via banco Ilhas Cayman e Banco Safra.
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