Obama autoriza ataque aéreo contra jihadistas no norte do Iraque
Dois anos e meio após retirada americana, grupo se apoderou de região.
Barack Obama durante discurso sobre o Iraque, nos Estados Unidos. |
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou que autorizou
ataques a posições do grupo jihadista Estado Islâmico do Iraque e do
Levante (EIIL) no norte daquele país, além de uma operação humanitária
de assistência aos deslocados.
"Nós podemos agir, com cuidado e responsabilidade, para evitar um
potencial ato de genocídio", disse Obama, em referência às minorias
religiosas sitiadas no norte do Iraque pelo avanço das forças do Estado
Islâmico.
"Eu, então, autorizei ataques aéreos seletivos para auxiliar as forças
do Iraque a romper o cerco e proteger os civis encurralados", disse.
Obama reafirmou ainda que não enviará tropas americanas para o Iraque,
dois anos e meio depois da retirada dos soldados dos EUA do país.
Dois anos e meio depois da retirada americana, os jihadistas do EIIL
conseguiram se apoderar de uma parte do noroeste do país, na fronteira
com a Síria.
O avanço do grupo, favorecido pelo conflito entre a minoria sunita e os
xiitas no poder, começou desde a saída de tropas dos Estados Unidos, em
dezembro de 2011.
Em junho de 2014, os jihadistas do EIIL anunciaram o restabelecimento
do califado, regime político islâmico encerrado há um século com a queda
dos otomanos.
Um porta-voz das forças curdas "peshmergas" informou que aviões
americanos bombardearam posições 'jihadistas' do Estado Islâmico no
norte do Iraque. "Os F-16 entraram no espaço aéreo iraquiano em missão
de reconhecimento e depois atacaram as forças do Estado Islâmico em
Gwer, na região de Sinjar", disse à agência France Presse o porta-voz
Holgard Hekmat. Gwer está situada 30 km a sudeste do principal posto de
controle que leva à região autônoma do Curdistão.
Sinjar, a 50 km da fronteira com a Síria, foi tomada, obrigando cerca de
200 mil pessoas a fugirem, segundo a ONU. Os jihadistas também
invadiram Zumar, outra cidade perto de Mossul, de um poço de petróleo e
de Rabia, um posto fronteiriço entre Síria e Iraque.
Milhares de civis, boa parte da minoria yazidi, estão presos nas
montanhas do norte do Iraque, após fugirem dos jihadistas na região de
Mossul.
As forças do Estado Islâmico (EI) invadiram Qaraqosh, a maior cidade
cristã do Iraque, o que também provocou a fuga de milhares de pessoas.
De acordo com o patriarca caldeu Louis Sako, 100 mil cristãos foram
obrigados a abandonar suas casas "com nada além de suas roupas", após a
tomada de Qaraqosh e de outras cidades na região de Mossul (norte) pelos
combatentes do EI.
Entre as localidades ocupadas estão Tal Kayf, Bartela e Karamlesh, que
foram "esvaziadas de seus habitantes", denunciou o bispo Joseph Thomas,
arcebispo caldeu de Kirkuk e de Sulaymaniyah.
ONU pede ajuda
O Conselho de Segurança da ONU condenou os recentes ataques realizados
pelo grupo radical Estado Islâmico no Iraque e pediu apoio internacional
para o país após uma reunião de emergência sobre a situação.
"Os membros do Conselho de Segurança pedem à comunidade internacional
que apoie o governo e o povo do Iraque e que faça o possível para ajudar
a aliviar o sofrimento da população afetada pelo atual conflito no
Iraque", disse o embaixador britânico na ONU e atual presidente do
Conselho, Mark Lyall Grant.
Esse é o terceiro comunicado do Conselho relacionado à ofensiva do
Estado Islâmico, grupo considerado mais radical que a rede Al-Qaeda.
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