Dilma faz ‘terrorismo social’ contra Marina
Josias de Souza |
O comitê eleitoral de Dilma Rousseff decidiu combater Marina Silva com
uma arma semelhante à que foi utilizada contra Lula no passado: o
terrorismo político. Contra Lula, o terror era ideológico. Contra
Marina, é social.
Na sucessão de 1989, o empresário Mário Amato, então presidente da
Fiesp, disse que 800 mil industriais deixariam o país se Lula chegasse à
Presidência. Levariam com eles suas indústrias e os empregos.
Hoje, a equipe de campanha de Dilma sustenta que, eleita, Marina
instalará no Planalto a “incerteza de uma aventura”. Pior: passará na
lâmina programas sociais como o Mais Médicos.
Para instilar o medo no eleitor, o comitê de Dilma valeu-se de uma
edição do debate presidencial promovido pela Band, na terça-feira.
Pinçou um trecho no qual Marina debate com Dilma e declara que o Mais
Médicos não resolve as mazelas da saúde, é um “paliativo”.
Apegando-se ao vocábulo “paliativo”, o marketing da campanha petista,
comandado por João Santana, pôs-se a insinuar que Marina interromperia o
Mais Médicos se fosse eleita. Na internet, Marina é mencionada explicitamente, em vídeo e texto.
Na propaganda veiculada no rádio,
a alusão a Marina é indireta. Ouve-se na peça uma resposta de Dilma à
tese da rival segundo a qual um presidente tem de ser mais do que mero
gerente.
Dilma diz: “Um presidente da República, principalmente se ele lida, como
deve lidar, com todos os problemas do país, ele não lidará só
discursando. Ele terá de tomar posições, ele terá de fazer gestão, ele
tem de agir…”
Na sequência, sem citar Marina, um locutor investe contra ela: “…Já
pensou, rapaz, se entra outro aí e pára um programa importante como o
Mais Médicos. Quem é que vai atender a população nos postos de saúde nas
periferias da grandes cidades e nas regiões mais distantes?”
Uma voz feminina emenda: “…Ninguém quer a incerteza de uma aventura nem a
volta ao passado. Hoje o povo está tendo a tenção que sempre sonhou.” A
“aventura” é munição contra Marina. A “volta ao passado”, contra Aécio
Neves.
Curiosamente, a perspectiva de vitória de Marina Silva parece entusiasmar o mercado financeiro.
Desde a morte de Eduardo Campos, há duas semanas, o principal índice da
Bolsa, o Ibovespa, subiu 7,99%. Os papeis da Petrobras valorizaram-se
em 16,12%.
O rótulo de esquerdista radical custou a Lula três derrotas. Para
prevalecer em 2002, o morubixaba petista teve aparar a barba, vestir
Armani e beijar a cruz. Numa carta aos brasileiros, renegou tudo o que
sempre defendera.
Autoconvertido numa espécie de neo-Amato, o PT tenta grudar na testa de
Marina, sua ex-filiada, a pecha de “aventureira”. Ainda não colou. Mas
serviu para demonstrar do que o petismo é capaz quando está com medo.
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