Com escoriações, Marina saiu-se bem
Ricardo Noblat |
O PT envelheceu. O discurso do PT envelheceu. E é isso que a candidata
Marina Silva, do PSB, está passando na cara do seu antigo partido.
Se o que ela diz a empurra para cima nas pesquisas de intenção de voto é
simplesmente porque confere com o que acha a maioria dos eleitores.
A verdade é que o PT já foi sinônimo de alegria e de esperança. Não é mais. Virou sinônimo da velha política que tanto combateu.
Com outras palavras, foi essa a mensagem que Marina deixou depois de uma entrevista de 15 minutos no Jornal Nacional.
Bonner e Patrícia Poeta fizeram as perguntas certas e apertaram Marina
na medida certa. A candidata soube encará-los com tranquilidade e
firmeza.
A resposta à pergunta sobre irregularidades no uso do jatinho da
campanha que caiu matando Eduardo Campos, foi a melhor resposta que
Marina poderia dar. O que não quer dizer que ela tenha sido convincente.
Não foi.
Foi convincente ao responder sobre seu sofrível desempenho eleitoral em
seu Estado, o Acre. E menos convincente ao responder sobre a escolha do
deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) para seu candidato a vice.
Marina é capaz de repetir a frase que todo político gosta de dizer (“Meu
compromisso é com a verdade”) e, no caso dela, a frase soar verossímil.
Isso é carisma.
Com jeito, em mais de uma ocasião, Marina calou por alguns instantes
Bonner e Patrícia. E ainda ousou dizer que Bonner tinha “um certo
desconhecimento” a respeito do que perguntava.
Não deixou Bonner aparteá-la quando considerou que o melhor seria
continuar falando. E novamente o alfinetou com elegância do afirmar que
ele trabalhava “apenas com um lado da moeda”. Foi até atrevida:
- A vida não tem essa simplicidade que você está usando.
Para encaixar na sequência:
- Vou deixar claro para o telespectador.
Então olhou para a câmera e passou a se dirigir diretamente ao distinto
público. Àquela altura havia sobrevivido com escoriações à delicada
batalha contra Bonner e Patrícia.
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