O escudo antimísseis de Israel
Cada bateria dos antimisséis podem ser utilizadas de acordo com a necessidade estratégica |
Desde que Israel lançou sua operação militar contra militantes
palestinos na Faixa de Gaza no dia 8 de julho, a Força de Defesa de
Israel (IDF, na sigla em inglês) contabilizou mais de 2 mil foguetes
disparados da região contra Israel.
Essa chuva de foguetes, lançados pelo Hamas e por outros grupos
islâmicos, deixou, até agora, três civis mortos (dois israelenses e um
trabalhador imigrante tailandês).
O contraste entre o alto número de foguetes lançados e o baixo número de
vítimas tem três explicações: a preparação da população em Israel,
treinada a lidar com uma rede de abrigos, alarmes e exercícios de
simulação; a ineficácia das armas do Hamas e da Jihad Islâmica; e a
eficiência do escudo antimísseis israelense, conhecido como Iron Dome
(Cúpula de Ferro, em tradução livre).
Complexo, o sistema do Cúpula de Ferro não é 100% eficaz e não consegue
interceptar todo foguete disparado por militantes palestinos. Mas as
evidências sugerem que ele tem ajudado consideravelmente a evitar
vítimas israelenses.
Como ele funciona?
O Cúpula de Ferro faz parte de um amplo sistema de defesa aérea operado
por Israel e projetado para proteger o país de mísseis balísticos,
mísseis de cruzeiro, foguetes e outras ameaças aéreas (a força aérea dos
vizinhos rivais a Israel é, em geral, obsoleta e não há competição
local com o poderio aéreo israelense).
Esse sistema é tanto defensivo (como no caso do escudo) quanto ofensivo.
Israel faz uso dele para destruir instalações de lançamento em
território inimigo e interceptar navios com armamentos vindos do Irã e
da Síria destinados para militantes do Hezbollah e do Hamas.
O Cúpula de Ferro contou com o financiamento de mais de US$ 200 milhões
dos Estados Unidos e é orientado para interceptar mísseis relativamente
pouco sofisticados.
Ele foi projetado pela empresa Rafael Advanced Defense System LTD, uma
companhia privada próxima às Forças Armadas israelenses e que constrói
sistemas de defesa aéreos, marítimos e terrestres.
As baterias são compostas de mísseis interceptores, radares e sistemas
de comando que analisam onde os foguetes enviados por inimigos podem
cair.
Cada bateria tem um custo de instalação de US$ 50 milhões e cada míssil interceptor Tamir custa cerca de US$ 60 mil.
Os fabricantes dizem que a tecnologia permite identificar quais foguetes
inimigos podem atingir áreas urbanas e quais perdem a mira.
O sistema decide, portanto, quais devem ser interceptados.
História de uma obsessão
O escudo antimísseis teria suas raízes no conflito entre Israel e o grupo militante libanês Hezbollah, em 2006.
O Hezbollah lançou milhares de foguetes que mataram dezenas de israelenses e causaram grandes danos.
Mas, segundo a revista americana National Interest, os esforços de
Israel para desenvolver um escudo antimísseis começaram há três décadas e
são parte da cooperação militar entre Israel e os Estados Unidos.
"Os dois países assinaram um acordo em 1986 para desenvolver um sistema
de defesa antimísseis e para facilitar a participação israelense na
Iniciativa de Defesa Estratégica (SDI, na sigla em Inglês) de (Ronald)
Reagan", indicam os jornalistas da publicação no artigo "Desmistificando
o Cúpula de Ferro".
Mas logo cinco anos depois do entendimento, durante a primeira Guerra do
Golfo, quando o então presidente do Iraque, Saddam Hussein, lançou
mísseis Scud sobre Israel, os líderes israelenses resolveram acelerar o
desenvolvimento de tal sistema.
No início de 2010, o Cúpula de Ferro tinha passado com sucesso em testes
realizados pelo Exército israelense, em que foram usados foguetes
Qassam e Grad e morteiros.
Em abril de 2011, o sistema foi usado em combate pela primeira vez,
quando derrubou um míssil lançado contra a cidade de Beersheba, no sul
do país.
O sistema pode interceptar foguetes de distâncias de 4 a 70 quilômetros.
Não existe informação oficial sobre a porcentagem de eficácia do escudo |
O arsenal palestino
O Hamas e os demais grupos palestinos radicais que atuam na Faixa de
Gaza acumularam um arsenal de foguetes básico que, com o passar do
tempo, têm aumentado o seu raio de ação.
Nenhum deles é particularmente sofisticado e a maioria foi projetada com tecnologia da época soviética.
Alguns foguetes foram contrabandeados por túneis na península do Sinai e
outros foram feitos em oficinas na Faixa de Gaza, embora muitos ainda
possuam peças -chave que dependem de componentes do Irã ou da Síria,
importados clandestinamente.
Os sistemas de menor alcance incluem morteiros pesados e foguetes Qassam e Grad, que atingem até 48 km e 17 km, respectivamente.
Estes foguetes ameaçam vilas e cidades no sul de Israel, como Sderot, Ashkelon, Beersheba e o porto de Ashdod.
Os palestinos também possuem foguetes de grande alcance, como Fajr-5, também conhecido como M75.
Ele pode voar a até 75 quilômetros, ameaçando centros populosos, como Tel Aviv e Jerusalém.
Mas o uso do Fajr-5 implica em sérios problemas práticos. Ele é pesado e
grande – podendo chegar a seis metros de altura -, requer manutenção
mecânica e precisa ser pré-posicionado para lançamento em lugares
escondidos e camuflados, para evitar que seja detectado por drones
israelenses.
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