PT pede para PGR investigar Aécio por uso de aeroportos em Minas
Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência da República |
A coordenação da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff
informou que o diretório nacional do PT protocolou na Procuradoria-Geral
da República (PGR) representação contra Aécio Neves, candidato do PSDB à
Presidência da República. O pedido é para que se investigue o uso feito
pelo candidato dos aeroportos localizados nos municípios mineiros de
Cláudio e Montezuma.
As pistas para aeronaves dos dois municípios foram usadas pelo
presidenciável sem que elas tivessem autorização para pousos e
decolagens homologada pela Agência Nacional Aviação Civil (Anac). A
representação do PT pede apuração por suposto crime de atentado contra a
segurança do transporte aéreo. A infração, que pelo Código Penal
consiste em expor aeronave a perigo, tem pena prevista de dois a cinco
anos de reclusão.
Não há prazo na PGR para a abertura da investigação. Se a Procuradoria
encontrar evidências de que houve prática irregular do candidato, o
órgão poderá abrir uma denúncia e encaminhar ao Supremo Tribunal
Federal.
Os dois aeroportos ficam próximos de fazendas de familiares de Aécio e
passaram por obras financiadas pelo governo mineiro durante o seu
mandato como governador do estado, segundo reportagens publicadas na
imprensa.
Aécio afirmou que usou o aeroporto no município de Cláudio "de forma
inadvertida". A pista foi construída com investimento de R$ 13,9 milhões
do governo estadual em terreno desapropriado pelo estado e que
pertencia a um tio-avô de Aécio. O aeroporto passa por investigações da
Anac, devido ao seu uso indevido, e pelo Ministério Público de Minas
Gerais, por ter sido construído em área de fazenda de familiar do
ex-governador do estado.
"A obra foi corretíssima. Não me furto a responder sobre esse assunto. A
obra foi planejada como milhares de outras feitas em Minas Gerais. O
que há, na verdade, é uma grande demora da Anac em fazer essas
homologações. Eu fui de forma inadvertida. Não procurei saber se havia
ou não a homologação. Se isso é um erro, eu assumo esse erro", disse
Aécio Neves.
Em artigo publicado, o presidenciável admitiu ter usado a pista "umas
poucas vezes". "Depois de concluída essa obra, demandada pela comunidade
empresarial local, pousei lá umas poucas vezes, quando já não era mais
governador do Estado. Viajei em aeronaves de familiares, no caso a da
família do empresário Gilberto Faria, com quem minha mãe foi casada por
25 anos", disse
Ele também afirmou no artigo ter usado a pista em Montezuma (MG),
construída na década de 1980 e reformada durante o governo dele em
Minas. Na região, fica uma fazenda que Aécio herdou do pai.
"Fui acusado de construir um aeroporto em Montezuma. A pista, municipal,
existe desde a década de 1980 e recebeu em nosso governo obras de
melhoria de R$ 300 mil, inseridas em um contexto de ações para a região.
Pelo que me lembro, pousei lá uma vez", explicou.
De acordo com o advogado do PT responsável pela representação, Flávio
Caetano, o pedido à PGR também solicita que sejam ouvidos o tio-avô de
Aécio que foi dono da área onde a pista de Cláudio foi construída e o
primo do candidato. Além disso, o partido quer que a Procuradoria
solicite à Anac o registro de pousos e decolagens em cada um dos
aeroportos.
Para Caetano, é preciso que a PGR identifique se Aécio sabia ou não que
as pistas utilizadas por ele estavam sem autorização da Anac. “Os
aeroportos são sabidamente irregulares. Quando alguém diz que posou e
decolou em aeroporto que sabe que está irregular, está cometendo
infração. O Aécio demorou 13 dias para dizer que posou. Isso merece
apuração rigorosa, para ver se ele sabia ou não, porque isso pode
configurar crime”, declarou Caetano.
Em nota, o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), coordenador
jurídico da campanha de Aécio, afirmou as explicações sobre o caso já
foram apresentadas e que "a prova da legalidade dos atos praticados pelo
governo do Estado de Minas Gerais é incontestável". "Agora é hora de
falarmos do futuro do Brasil. E o futuro do país é a mudança", disse.
Com críticas à condução da economia pelo governo do PT, o texto também
acusa o partido de criar "factoides para desviar a atenção do povo
brasileiro". "A verdade é que o crescimento da intenção de votos em
Aécio Neves, como revelam as últimas pesquisas eleitorais, a baixa
aprovação do governo de Dilma Rousseff e seu alto e crescente índice de
rejeição fizeram com que batesse o desespero na campanha do Partido dos
Trabalhadores", diz a nota.
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