Presidente da RBS anuncia 130 demissões
Presidente do maior grupo midiático do
sul do país anunciou demissões de 130 funcionários como expressão de
inovação, coragem, energia e desapego.
Eduardo Sirotsky Melzer |
Porto Alegre - O presidente executivo do grupo RBS, Eduardo Sirotsky
Melzer, anunciou que demitirá 130 profissionais da empresa na próxima
quarta-feira (6 de agosto), especialmente na área de jornais. O anúncio
foi feito durante uma videoconferência de uma hora aos "colaboradores"
da RBS, o maior grupo midiático do sul do país. Melzer negou que a
empresa passe por dificuldades financeiras, apesar da queda de
circulação de dois de seus principais jornais, Zero Hora e Diário
Gaúcho. Ao anunciar a decisão, o executivo classificou-a como uma
expressão de inovação, "coragem, energia e desapego para deixar de fazer
coisas que não agregam e investir no que pode nos fazer crescer".
Em uma carta dirigida aos "colaboradores" da empresa, Melzer diz que as
"empresas que têm a coragem de se posicionar no mundo novo sairão
fortalecidas". "Quero convidar todos vocês a romper paradigmas, quebrar
barreiras", afirma ainda o executivo ao anunciar as demissões. E
acrescenta: "Não estou de forma alguma insensível ao impacto que
demissões geram na vida das pessoas e da própria empresa, porém acredito
que tanto os profissionais quanto as empresas precisam repensar o modo
como atuam". Melzer não detalhou de que forma os demitidos devem
repensar o modo como atuam.
Cortes de funcionários deixam clima tenso no Grupo RBS
Presidente Eduardo Melzer disse aos colaboradores que empresa passa por uma fase de transformações
A revelação de que cerca de 130 funcionários do Grupo RBS serão
demitidos até esta quarta-feira, 6 de agosto, deixou o clima pesado nos
veículos da empresa. O anúncio foi feito, pelo presidente executivo do
grupo, Eduardo Sirotsky Melzer, em videoconferência que durou cerca de
uma hora. Aos colaboradores, o empresário afirmou que a empresa enfrenta
uma fase de transformações, com maior investimento em áreas de inovação
e tecnologia, e destacou que os desligamentos não representam crise
financeira.
Segundo o executivo, o grupo mantém operação sólida e medidas como o
corte de pessoal são uma forma de pensar o futuro da empresa, evitando o
surgimento de dificuldades. Duda se disse solidário aos profissionais
que serão dispensados e reconheceu que este é sempre um momento difícil,
mas também não descartou a possibilidade de novas demissões, caso sejam
necessárias.
Durante a videoconferência, o empresário ainda enfatizou, por diversas
vezes, a importância de que os investimentos mais recentes da empresa
alcancem resultados positivos. Ao fim, foi aberto espaço para perguntas,
que poucos se prontificaram a utilizá-lo. Um dos questionamentos
tratava do futuro da Tvcom, que teve sua equipe enxugada com as últimas
dispensas. Duda deixou claro que, como está, a emissora não pode ficar.
A íntegra da carta enviada aos funcionários da RBS:
Caros colegas,
Escrevo para reforçar a mensagem que compartilhei com vocês nesta segunda-feira, em videoconferência, e para detalhar minha visão em relação ao futuro da nossa empresa, pois quero manter entre nós um ambiente de clareza e transparência.
As transformações radicais e a velocidade impressionante pelas quais a indústria da comunicação tem passado exigem energia e dedicação para entender o momento e também coragem para promover os ajustes que precisam ser feitos para continuarmos crescendo.
Mudar não é opcional. É vital para o nosso projeto empresarial.
O cenário atual apresenta realidades paradoxais. Por um lado, os modelos tradicionais estão altamente desafiados. Por outro, o avanço tecnológico e a forma de consumir mídia nunca geraram tantas oportunidades e tanta abertura para a inovação como nos dias de hoje. Aquelas empresas que têm a coragem de se posicionar no mundo novo sairão fortalecidas.
Nesse sentido, acredito muito na relevância dos nossos produtos, no jornalismo de qualidade, na comunicação e no desejo cada vez maior por conteúdo de entretenimento diferenciado. As necessidades continuarão existindo. O que muda é a forma como serão atendidas. Se queremos continuar crescendo temos de nos reinventar imediatamente, investindo em atividades e negócios que geram resultados positivos e deixando de fazer o que não agrega para nossa empresa e para o mercado.
Quero convidar todos vocês a romper paradigmas, quebrar barreiras e colocar a RBS cada vez mais no grupo das empresas vencedoras, daquelas empresas que constroem oportunidades de mercado para se posicionar e conquistar a liderança.
Teremos uma semana intensa pela frente, pois na quarta-feira faremos cerca de 130 demissões, de um universo de 6 mil pessoas, com o objetivo de buscar produtividade e maior eficiência. São cortes que precisam acontecer, principalmente na operação dos jornais. Não estou de forma alguma insensível ao impacto que demissões geram na vida das pessoas e da própria empresa, porém acredito que tanto os profissionais quanto as empresas precisam repensar o modo como atuam.
O Grupo RBS emprega milhares de pessoas. Não promover mudanças seria uma irresponsabilidade com estes profissionais, um erro com todos vocês, além de um descaso com nossos clientes e com o nosso projeto de futuro, que já está em andamento.
É importante destacar que a RBS não passa por uma crise financeira. Ao contrário. Estamos investindo e redesenhando a nossa operação, buscando velocidade e desprendimento que são vitais para a preservação do nosso projeto empresarial.
Fizemos, nos últimos 12 meses, uma análise muito detalhada de todos os nossos negócios e atividades. Eu me envolvi pessoalmente nesse processo. A partir do que vimos, fizemos investimentos importantes que ajudam a deixar clara a nossa crença no negócio.
Dobramos as equipes dedicadas ao digital, tanto nas redações quanto no Tecnopuc, e triplicamos os investimentos nesta área. Até o fim do ano, só no Tecnopuc, em Porto Alegre, teremos quase 100 profissionais trabalhando exclusivamente na criação de soluções digitais para nossos produtos, em especial para os jornais.
Os 50 anos de Zero Hora marcaram o início de uma grande renovação do jornal, que agora começa a ser replicada em outros veículos. Inovamos na organização do conteúdo e criamos novos espaços para fortalecer o vínculo com o leitor. A partir de amanhã, Diário Catarinense, A Notícia e Jornal de Santa Catarina entram também nessa nova fase.
Na TV, teremos nesse ano as 18 emissoras com equipamentos totalmente renovados e tecnologia de última geração, cobrindo com sinal digital o Rio Grande do Sul e Santa Catarina antes do prazo determinado pelo governo federal.
Em rádio, nosso alcance cresceu com o lançamento da Gaúcha Serra, da Gaúcha Santa Maria e da Gaúcha Zona Sul. O rádio também tem feito um excelente trabalho na internet.
Na e.Bricks, nossa empresa digital criada há três anos em São Paulo, lançamos o Early Stage, um fundo para impulsionar ideias em tecnologia – um negócio contemporâneo que atrai empreendedores em busca de parceria para crescer. O fundo deve chegar ao final do ano com 16 empresas no portfólio.
Também na e.Bricks, ampliamos a operação da Wine, que já é a maior empresa de vinhos online do mundo, tanto que estamos agora preparando sua entrada no mercado internacional. E muitos de vocês que já são sócios da Wine agora poderão também ser da Have a Nice Beer, o maior clube online de cervejas da América Latina, que está vindo para o Grupo.
Gostaria ainda de citar dois exemplos de inovação e empreendedorismo que marcam a nossa gestão. O primeiro é o HypermindR, um centro de pesquisa no Rio de Janeiro, que vai desenvolver softwares para medir hábitos do consumidor. E o segundo diz respeito ao nosso modelo de gestão de pessoas, baseado na meritocracia. As ferramentas que desenvolvemos para dar mais transparência aos planos de carreira tornaram-se benchmark para muitas empresas e agora serão disponibilizadas ao mercado através da Appus, um negócio que nasceu aqui, dentro do RH.
Temos apoio dos acionistas nas nossas decisões e temos também pessoas qualificadas e comprometidas, recursos financeiros, solidez de caixa, coragem, energia e desapego para deixar de fazer coisas que não agregam e investir no que pode nos fazer crescer.
Na próxima sexta-feira, vou apresentar aos líderes da empresa a Carta Diretriz, um documento que reforça na RBS princípios como simplicidade, produtividade e eficiência, qualidade, inovação, crescimento sustentável e meritocracia. Tenho dito que somos uma empresa em beta. Isso significa que nosso processo de transformação será contínuo e permanente.
Como presidente, tenho compromisso com os acionistas, com a história da nossa empresa, com o nosso público e os nossos clientes.
Estou motivado, principalmente, pela grande confiança que tenho no trabalho e no comprometimento de cada um de vocês.
Vamos em frente!
Duda
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