sábado, 1 de setembro de 2012


Projeto do Ibama transfere bugios ruivos para reserva ambiental no Rio Grande 
do Sul
Primatas foram transferidos de mata na Zona Sul de Porto Alegre.
Nas cidades, eles ficam expostas a riscos em função da urbanização.


Bugios são soltos em uma ilha transformada em santuário

Técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deram início a um projeto para tentar salvar uma espécie ameaçada pela convivência com humanos e a urbanização em Porto Alegre, o bugio ruivo (alouatta clamitans).
A iniciativa, pioneira no estado, prevê a criação de um santuário para bugios em uma reserva ambiental no município de Barra do Ribeiro, distante 120 quilômetros da capital gaúcha.
A transferência dos dois primatas, um macho e uma fêmea, começou durante a madrugada de sexta-feira (31). Por volta das 5h, os bugios foram retirados de uma mata na Zona Sul da capital gaúcha, onde passaram por uma espécie de adaptação antes de voltarem à liberdade.
“Eles estão neste local porque, em algum dado momento, uma ação humana recaiu sobre eles e os fez saírem da área natural. Inclusive, um dos animais está mutilado, tomou um choque e perdeu uma das mãos”, explicou o chefe da Divisão de Fauna do Ibama, Paulo Wagner.
Antes da chegada ao santuário, a equipe do Ibama tomou um susto. O bugio macho conseguiu abrir a gaiola e escapar, antes de chegar à reserva ambiental. Ele só foi recapturado horas depois. Em gaiolas, os bichos foram levados de barco até a área de preservação, conhecida como a Ilha do Barba Negra.
Já no local, é chegada a hora da soltura. O técnico do Ibama abre a gaiola, e a fêmea sobe em uma árvore, para examinar o terreno. O macho é solto logo em seguida e sai imediatamente à procura da companheira e também por comida.
Segundo o Ibama, é o primeiro casal de bugios a habitar a ilha. No santuário, os animais terão muito espaço e comida. Por isso os veterinários acreditam que seja o lugar ideal para que eles comecem a formar uma nova família. Se o projeto com os bugios tiverem sucesso, a reserva poderá também abrigar outras espécies ameaçadas.
“A gente não só começa a colocar os animais de volta ao ambiente natural, que é preciso, como também não ficamos sobrecarregando o cativeiro. Isso é um aprendizado, é pesquisa, é conhecimento”, acrescenta Paulo.
O projeto abrange a Região Metropolitana de Porto Alegre, onde o bugio é presença constante. Mas devido a crescente urbanização, os animais ficam expostos a ameaças, como doenças como febre amarela e mutilações na rede elétrica, além de danos causadas pelo convívio com humanos, como acidentes, agressões e apreensões.
No novo habitat, os bugios serão monitorado afim de verificar a adaptação deles ao ambiente, a capacidade de se manterem coesos, a capacidade de buscarem alimentos e os processos reprodutivos. O Ibama e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente fizeram contato com universidades para buscar ajuda no monitoramento e planejamento do projeto.

Um macho e uma fêmea da espécie foram levados 
para a reserva ambiental


Vídeo: projeto tenta salvar espécie de bugios
A iniciativa prevê a criação de um santuário para os animais.


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