Projeto do Ibama transfere bugios ruivos para reserva ambiental no Rio Grande
do Sul
Primatas foram transferidos de mata na Zona Sul de Porto Alegre.
Nas cidades, eles ficam expostas a riscos em função da urbanização.
Bugios são soltos em uma ilha transformada em santuário |
Técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deram início a um projeto para tentar salvar uma espécie ameaçada pela convivência com humanos e a urbanização em Porto Alegre, o bugio ruivo (alouatta clamitans).
A iniciativa, pioneira no estado, prevê a criação de um santuário para bugios em uma reserva ambiental no município de Barra do Ribeiro, distante 120 quilômetros da capital gaúcha.
A transferência dos dois primatas, um macho e uma fêmea, começou durante a madrugada de sexta-feira (31). Por volta das 5h, os bugios foram retirados de uma mata na Zona Sul da capital gaúcha, onde passaram por uma espécie de adaptação antes de voltarem à liberdade.
“Eles estão neste local porque, em algum dado momento, uma ação humana recaiu sobre eles e os fez saírem da área natural. Inclusive, um dos animais está mutilado, tomou um choque e perdeu uma das mãos”, explicou o chefe da Divisão de Fauna do Ibama, Paulo Wagner.
Antes da chegada ao santuário, a equipe do Ibama tomou um susto. O bugio macho conseguiu abrir a gaiola e escapar, antes de chegar à reserva ambiental. Ele só foi recapturado horas depois. Em gaiolas, os bichos foram levados de barco até a área de preservação, conhecida como a Ilha do Barba Negra.
Já no local, é chegada a hora da soltura. O técnico do Ibama abre a gaiola, e a fêmea sobe em uma árvore, para examinar o terreno. O macho é solto logo em seguida e sai imediatamente à procura da companheira e também por comida.
Segundo o Ibama, é o primeiro casal de bugios a habitar a ilha. No santuário, os animais terão muito espaço e comida. Por isso os veterinários acreditam que seja o lugar ideal para que eles comecem a formar uma nova família. Se o projeto com os bugios tiverem sucesso, a reserva poderá também abrigar outras espécies ameaçadas.
“A gente não só começa a colocar os animais de volta ao ambiente natural, que é preciso, como também não ficamos sobrecarregando o cativeiro. Isso é um aprendizado, é pesquisa, é conhecimento”, acrescenta Paulo.
O projeto abrange a Região Metropolitana de Porto Alegre, onde o bugio é presença constante. Mas devido a crescente urbanização, os animais ficam expostos a ameaças, como doenças como febre amarela e mutilações na rede elétrica, além de danos causadas pelo convívio com humanos, como acidentes, agressões e apreensões.
No novo habitat, os bugios serão monitorado afim de verificar a adaptação deles ao ambiente, a capacidade de se manterem coesos, a capacidade de buscarem alimentos e os processos reprodutivos. O Ibama e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente fizeram contato com universidades para buscar ajuda no monitoramento e planejamento do projeto.
Um macho e uma fêmea da espécie foram levados para a reserva ambiental |
Vídeo: projeto tenta salvar espécie de bugios
A iniciativa prevê a criação de um santuário para os animais.
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