sábado, 29 de setembro de 2012


Bancos espanhóis precisarão de 59,3 bilhões de euros 'para suportar calotes'

Bancos regionais, como o Caja Mediterrâneo, 
foram os mais afetados.

Os bancos da Espanha vão precisar de uma injeção de 59,3 bilhões de euros (R$ 155 bilhões) para sobreviver a uma tormenta financeira, anunciou uma auditoria independente. A quantia equivale a quase 6% do PIB espanhol.
De acordo com o jornalista financeiro Laurence Knight, esse "buraco" é a quantia de capital necessária para absorver as perdas que os bancos (especialmente os regionais, de poupança) podem sofrer com o calote dos empréstimos feitos durante o boom imobiliário na última década.
A bolha imobiliária, segundo Knight, estourou e muitos desses empréstimos não foram pagos. A quantia se equipara às expectativas do mercado, que giram em torno de 60 bilhões de euros.
A expectativa é que boa parte dessa verba venha de fundos de resgates da zona do euro, mas uma outra parte pode ter de ser fornecida por investidores do setor privado.

Dívidas
"Para a Espanha, a questão não é apenas o tamanho das perdas nos bancos", explica Knight. "Mas, sim, o fato de não estar claro até agora quem irá bancá-las. Será somente a zona do euro, como espera Madri, ou será o próprio governo espanhol ou, ainda, o setor privado de investimentos?"
O governo irlandês, diz o jornalista, ficou mergulhado nas dívidas de seus próprios bancos, depois de se oferecer para pagá-las. "A Espanha espera evitar esse destino."
O governo da Espanha disse em julho que iria pedir à zona do euro apoio para seus bancos.
O cálculo feito pela auditoria é baseado no pior cenário possível e na expectativa de que a economia espanhola vai retrair 6,5% entre 2012 e 2014, uma retração muito maior do que a esperada.
A zona do euro já disponibilizou 100 bilhões de euros de seus fundos de resgate para tapar esse buraco na Espanha, embora muitos investidores suspeitem que os bancos eventualmente precisem de mais do que isso.

Elogio
A Comissão Europeia elogiou o anúncio, dizendo que era um grande passo na implementação de um programa de assistência financeira e na tentativa de fortalecer a confiança nos bancos do país.
"A ajuda necessária aos bancos espanhóis será determinada nos próximos meses", anunciou a comissão.
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse que a avaliação foi transparente. "Financiamento público das atuais necessidades dos bancos pode ser financiado confortavelmente com o programa de recapitalização apoiado pelos parceiros europeus da Espanha."
Ao mesmo tempo, os espanhóis apertam o cinto para lidar com a crise. Na última quinta-feira (27), o governo do país anunciou novas medidas de austeridade e mudanças de legislação para tentar aumentar a competitividade espanhola - num momento em que um quarto da população está desempregada.
O governo conservador espanhol quer implementar cortes médios de 12% nos ministérios, congelamento de salários do funcionalismo público pelo terceiro ano consecutivo e o estabelecimento de uma autoridade independente para monitorar as finanças do governo, além de novas medidas tributárias.
Por outro lado, aposentadorias devem receber aumentos, com verba retirada de um fundo de reservas de 3 bilhões de euros. O governo também deverá aumentar o investimento em bolsas de estudo e pagamento de juros.
As medidas de austeridade têm gerado protestos populares.

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