Inflação se espalha entre vários setores

Os aumentos de preços estão cada vez mais espalhados entre os setores da
economia, o que deve dificultar o trabalho do Banco Central de trazer a
inflação para o centro da meta, de 4,5%, em 2012. No mês passado, a
parcela de itens que tiveram alta no Índice de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA), a medida oficial da inflação, atingiu 64,32%. Foi o maior
nível para o mês de agosto desde 2001, quando esse índice estava em
65,82%, segundo a consultoria Tendências. Na comparação com o mês
anterior, a fatia dos itens que compõem o IPCA e tiveram alta de preços
também foi maior em agosto. Em julho, 53,1% dos itens tinham tido
elevação. Muitos economistas ressalvam que um número maior de itens teve
os preços aumentados no IPCA porque os alimentos foram muito
pressionados em agosto. Eles argumentam que os alimentos respondem pela
maior quantidade entre os 516 itens cujos preços são pesquisados para o
cálculo do indicador. “Quando os alimentos estão subindo, o índice de
difusão aumenta”, argumenta o coordenador do Índice de Preços ao
Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Paulo
Picchetti. Mas esse argumento não se confirmou no mês passado. Nas
contas da economista do Banco Santander, Tatiana Pinheiro, excluídos os
alimentos, o índice de difusão em agosto chegou a 65,3%, um resultado
ainda maior comparado com o índice cheio (64,32%). O indicador também
ficou mais de 10 pontos porcentuais acima do obtido em agosto de 2010
(54,7%), também expurgada a comida. “Desde o começo do ano, há uma alta
generalizada de preços e o índice de difusão não ficou abaixo de 50%”,
observa a economista. Ela destaca que, até mesmo no período normalmente
mais favorável à inflação, que vai de junho a agosto, houve neste ano um
espalhamento maior dos aumentos de preços entre os vários setores da
economia. Nos últimos três meses, o índice de difusão atingiu 59,5%,
muito acima dos 53,6% entre junho e agosto de 2010.
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