Banco Central preocupado com dívidas das empresas em dólar e com a inflação

Após o governo adotar medidas ao longo do ano para tentar reverter a
trajetória de queda do dólar, o Banco Central agiu para conter a
valorização da moeda. Segundo especialistas, o Banco Central agiu porque
uma elevação forte e abrupta da taxa de câmbio traz riscos paras as
empresas, que carregam dívidas em dólar. A volatilidade acentuada da
divisa também dificulta o planejamento das companhias, dizem. Além
disso, destacam, o Banco Central busca limitar o impacto da alta do
dólar na inflação. "O Banco Central deixou claro hoje que está
preocupado com a desvalorização muito rápida do real", disse Carlos
Langoni, ex-presidente da instituição. A forte alta da taxa de câmbio
tem impacto imediato sobre as dívidas das empresas em dólar, observa
Langoni. Segundo ele, isso pode afetar negativamente a atividade
econômica ao obrigá-las a rever seus planos de investimento, para manter
o pagamento dos empréstimos. Segundo dados do Banco Central, a dívida
externa das empresas brasileiras soma US$ 94,9 bilhões. Embora a alta do
dólar eleve a competitividade do produto nacional, variações muito
fortes da moeda não beneficiam as empresas, afirma Julio Gomes de
Almeida, consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial). A intervenção do Banco Central para limitar a alta do dólar
visa conter os impactos na inflação. Os preços em reais de produtos
como soja, milho e café já estão mais altos do que no início de agosto.
Se o dólar ficar em R$ 1,70, em média, até dezembro, ele projeta que a
inflação fecha o ano em 7,2%, bem acima do teto da meta do Banco
Central, de 6,5%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário