sexta-feira, 23 de setembro de 2011


Presidente Mahmoud Abbas formaliza pedido de reconhecimento do Estado Palestino à ONU
Enquanto ONU afirma que vai analisar, Israel e EUA repudiam o pedido.


O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas pediu formalmente à ONU, no início da tarde desta sexta-feira, o reconhecimento de um Estado Palestino na Cisjordânia, Gaza e Jerusalém. Foi durante discurso na assembleia das Nações Unidas em Nova York.
— Declaro aqui que a Organização para a Libertação da Palestina está disposta a retornar imediatamente à mesa de negociações com base nos termos de referência adotados e com uma cessação completa da colonização — disse Abbas em seu pronunciamento.
O pedido, entregue ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, é para que o Estado da Palestina seja membro pleno da organização. Um porta-voz das Nações Unidas afirmou que o pedido será estudado com rapidez e envidado ao Conselho de Segurança da ONU.
A solicitação de Abbas é apontada como um desafio a Israel e aos Estados Unidos, que se manifestam pelo veto.
Logo após o discurso, Israel afirmou que lamenta que o presidente palestino Mahmud Abbas tenha entregue o pedido de adesão do Estado palestino como membro pleno das Nações Unidas.
— Lamentamos esse passo — afirmou o porta-voz do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Gidi Shmerling, falando à AFP — Acreditamos que o único caminho para a paz verdadeira é através de negociações e não através de passos unilaterais — concluiu.
Já os Estados Unidos convocaram nesta sexta-feira o presidente palestino, Mahmud Abbas, a retonar às "negociações diretas" com Israel, apesar de seu pedido de adesão à ONU de um Estado Palestino.
— Todos devemos reconhecer que o único caminho para criar um Estado é através de negociações diretas, não de atalhos — afirmou o embaixador americano na ONU.

Dia histórico para os palestinos:
Em Ramallah, na Cisjordânia, foram colocados telões para população acompanhar o discurso de Abbas. Os palestinos pedem a delimitação de seu Estado a partir das fronteiras de 1967, que incluem a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental — territórios ocupados por Israel, que rechaça veementemente a decisão palestina.
Uma cadeira gigante foi montada, para simbolizar o assento pedido por Abbas na ONU, para que o Estado Palestino se torne o membro número 194 da organização internacional.
A Campanha "Palestina 194" foi iniciada há vários meses e atinge seu auge nesta sexta, com pedido formal do presidente palestino. A Autoridade Nacional Palestina mobilizou centenas de milhares de pessoas em manifestações de apoio a Abbas, nas principais cidades da Cisjordânia.
Para muitos palestinos, esta sexta-feira é um dia histórico já que, 44 anos após a guerra de 1967 e 63 anos após a fundação do Estado de Israel, um presidente palestino se dirigiu aos 193 países membros da ONU para pedir o reconhecimento da Palestina.

Divisão de lideranças:
O Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007, proibiu a manifestações em favor da iniciativa palestina no território. O grupo já declarou que é contra o pedido de reconhecimento pois, segundo ele, um Estado Palestino nas fronteiras pré-1967 significaria aceitar implicitamente o Estado de Israel na área estabelecida em 1948.
Apesar de pedidos por parte do Fatah, partido de Abbas, o Hamas não permite que a parte da população da Faixa de Gaza que apoia a iniciativa se manifeste nas ruas. De acordo com a pesquisa de opinião realizada pelo instituto Halil Shkaki, 83% dos palestinos apóiam o pedido de reconhecimento na ONU, o que significa que entre os habitantes da Faixa de Gaza grande parte é a favor de um Estado Palestino nas fronteiras de 1967, apesar da oposição do Hamas.
As autoridades israelenses decretaram estado de alerta no país inteiro e nos territórios ocupados, principalmente na área de Jerusalém e nos pontos de checagem militares nas passagens entre Israel e a Cisjordânia.

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