terça-feira, 20 de setembro de 2011


Hamás divulga manifesto sobre reconhecimento do Estado Palestino 
pela ONU

O Hamás tem um longo histórico de ataques a Israel, com revezes igualmente antigos. Em 2009, como partido político, ganhou parcialmente eleições na Palestina, provocando o afastamento ainda maior dos Estados Unidos e países ocidentais, com direito a boicote econômico.
No manifesto, o Hamás estabelece termos bastante duros em torno do reconhecimento do Estado Palestino pela ONU, a começar pelo não reconhecimento de Israel.

Acompanhe a íntegra do documento político:

Sobre o pedido, apresentado pela Autoridade Palestina em Ramallah, para que a Palestina receba status de estado-membro da Organização das Nações Unidas 

O que foi discutido e acordado por toda a força nacional palestina, como programa político nacional é:

– estabelecimento de um estado palestino com real soberania, nas linhas de junho  (Huzairan) de 1967;

– com Jerusalém como capital de estado;

– com retorno dos refugiados;

– com a evacuação de todas as colônias; e

– sem reconhecer a entidade sionista. 

Nós, do movimento Hamás, apoiamos qualquer esforço e manobra política que vise a obter apoio internacional e solidariedade para: 

– o direito dos palestinos à liberação e à autodeterminação;

– o estabelecimento de estado plenamente soberano;

– a obtenção de direitos nacionais palestinos; e que

– resulte na condenação da entidade sionista, que nega todos os direitos dos palestinos e revele a verdadeira natureza da entidade sionista.

Mas não se aceita nenhuma manobra política que se faça à custa de qualquer dos direitos nacionais dos palestinos.

Infelizmente, o pedido a ser apresentado pelos irmãos da Autoridade Palestina em Ramallah, para obter que a Palestina seja aceita como estado membro das Nações Unidas tem caráter unilateral, e está ainda muito distante de contar com o consenso de todos os palestinos. Além disso, não brotou de acordo coerente, nos termos da estratégia de toda a luta de libertação nacional de todos os palestinos. 

O pedido a ser encaminhado à ONU é, nesse sentido, extensão do processo de paz. A ideia de insistir em repetir a ideologia das negociações está muito longe da decisão pela resistência e por buscar construir “posição forte” para negociar.

Enfatizamos nossa firme convicção de que a resistência, em seu significado essencial, e, perifericamente, todas as formas da luta política de massas, é a via real que pode libertar a Palestina, conquistar nossos direitos e estabelecer um estado palestino que tenha soberania genuína.

A urgente necessidade dos palestinos é a libertação real de nosso território, para que ali se estabeleça um verdadeiro estado da Palestina independente e soberano. 

Não há qualquer necessidade ou urgência de continua a discutir sobre um estado que não existe e não poderá ser ‘inventado’ pela ONU. 

Não há qualquer urgente necessidade de tanta preocupação com passos simbólicos, todos de impacto limitado, nem de gerar resultados ambíguos, que não estão livres de alguns riscos.

Apelamos nesse momento aos nossos irmãos da liderança da Autoridade em Ramallah, irmãos  do movimento Fatah, e a todas as forças e facções palestinas, para que retomem o diálogo entre nós, para procedermos a uma revisão política em profundidade.

É a via que há para construir uma estratégia palestina, patriótica, de combate e resistência, que manifeste acordo nacional. 

Temos de continuar a reunir, na base desse acordo nacional, todas as “cartas de poder” [vantagens, posições de força], sobretudo a resistência, até estarmos realmente preparados para exercer o direito de autodeterminação, libertar nossa terra da ocupação sionista e conquistar nossos direitos nacionais, se deus permitir.

Movimento da Resistência Islâmica, HAMAS
Setor de Imprensa
Sábado, 19 Shawwal, 1432 H
APROVADO dia 17/9/2011

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