Economistas veem mais risco de nova recessão nos EUA
Placa anunciando execução judicial e leilão de casa com hipoteca atrasada em Oakland, na Califórnia, em abril. |
Essa é a maior probabilidade de uma nova retração prevista por economistas que participam da pesquisa do The Wall Street Journal desde o início da recuperação — e até quatro pontos percentuais acima da pesquisa do mês passado. A pressão sobre a econômica aumentou em meio à turbulência nas bolsas, à debilidade do mercado de trabalho e à dúvidas quanto à estabilidade europeia.
"A sensação é a de um cenário recessivo. Que nome darão mais tarde, não sei dizer", diz Bart van Ark, economista-chefe do Conference Board, que colocou a probabilidade de recessão em 45%. Desde 1988, toda vez que a estimativa do Conference Board de probabilidade de recessão passou dos 40%, houve uma desaceleração logo em seguida. "O consumidor nunca realmente acreditou que saímos da recessão", acrescenta.
Esse cenário negativo despertou a preocupação do Fed. No mês passado, após a reunião do seu comitê de política monetária, o banco central americano informou que manteria os juros próximos a zero até meados de 2013. Os 53 economistas na enquete do Journal — nem todos respondem a todas as perguntas — esperam que o Fed tome novas medidas na próxima semana, mas duvidam que alternativas prováveis consigam estimular o crescimento.
"Com certeza, o Fed adotará uma ou mais medidas heterodoxas para tentar sustentar a combalida economia", diz o economista Allen Sinai, da Decision Economics.
Na sondagem do Journal, economistas consideraram várias alternativas para o banco central e, em média, atribuíram a maior probabilidade — 64% — à implementação, pelo Fed, de um programa conhecido como Operação Twist. Nessa iniciativa, o Fed trocaria obrigações do Tesouro americano em sua posse com vencimento mais próximo por títulos para datas posteriores na tentativa de derrubar os juros a longo prazo. Para eles, probabilidade de que o Fed vá cortar a taxa de juros que paga a bancos por reservas em excesso — ou eliminá-la por completo — é de uma em três. Isso poderia incentivar os bancos a emprestar. Outras saídas, como definir uma meta de inflação ou de taxa de desemprego mais explícita ou fazer uma nova rodada de compra de ativos, receberam, cada, probabilidade inferior a uma em quatro.
A maioria dos economistas disse que as três medidas — lançar a Operação Twist, alterar os juros sobre reservas ou adotar metas mais explícitas — teria pouco ou nenhum efeito. Dos 50 economistas que responderam à pergunta, 22 disseram que uma nova compra de ativos teria impacto moderado ou importante na economia, mas 19 disseram que o efeito seria pequeno e nove afirmaram que seria negativo.
"Todas as principais cartadas já foram dadas. Medidas monetárias terão apenas efeitos marginais sobre a economia", disse Song Won Sohn, da Universidade Estadual da Califórnia.
Em consonância com esse cenário sombrio, economistas derrubaram projeções de crescimento para o resto de 2011 e para 2012. Agora, esperam que o PIB cresça menos de 2,5% (taxa anual ajustada sazonalmente) no restante deste ano e no ano que vem inteiro — menos do que os quase 3% projetados apenas dois meses atrás. Como resultado, esperam que a economia gere apenas 125.000 empregos por mês no ano que vem, o que mal dá para acompanhar o ritmo do crescimento populacional. No mês passado, esperavam que a economia fosse criar cerca de 148.000 postos de trabalho por mês.
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