quinta-feira, 28 de maio de 2015


Polícia suíça detém dirigentes da Fifa

José Maria Marin
O ex-presidente da CBF José Maria Marin, 83, e outros seis dirigentes da Fifa foram detidos na quarta-feira (27.maio.2015) pela polícia suíça em uma operação surpresa, realizada a pedido das autoridades dos Estados Unidos. Os cartolas são investigados pela Justiça americana em um suposto esquema de corrupção.
As autoridades suíças relataram que os detidos devem ser extraditados para os Estados Unidos, onde a Procuradoria de Nova York faz a investigação.
Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, a maior parte do esquema envolvia subornos e propinas entre dirigentes da Fifa e executivos do setor na comercialização de jogos e direitos de marketing de campeonatos como eliminatórias da Copa do Mundo na América do Norte, a Concacaf, a Copa América, a Libertadores e a Copa do Brasil – esta última, organizada pela CBF.

As autoridades também investigam o pagamento de propina envolvendo o patrocínio da CBF por uma grande empresa dos EUA, a escolha da África do Sul como anfitrião da Copa de 2010 e as eleições presidenciais da Fifa em 2011.


ESQUEMA DE MAIS DE US$ 100 MILHÕES
As acusações, segundo a polícia suíça, estão relacionadas a um vasto esquema de corrupção de mais de US$ 100 milhões dentro da Fifa nos últimos 20 anos, envolvendo fraude, extorsão e lavagem de dinheiro em negócios ligados a campeonatos na América Latina e acordos de marketing e transmissão televisiva.
Em nota, autoridades suíças divulgaram que contas dos acusados foram bloqueadas no país. Elas eram usadas para recebimento de subornos.
Além dos detidos na quarta-feira (27.maio.2015), outros sete dirigentes e empresários foram acusados de corrupção no caso por lavagem de dinheiro e fraude. "Era um esquema que atuava há 24 anos para enriquecer dirigentes através da corrupção no futebol internacional", informa nota da Justiça americana.
Segundo autoridades dos Estados Unidos, quatro acusados detidos confessaram culpa no caso na quarta-feira (27.maio.2015).
Além da investigação nos EUA, as autoridades suíças recolheram documentos na sede da Fifa, em Zurique, em uma apuração relacionada à escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022.
"A Fifa vai cooperar plenamente com a investigação e apoiará a busca por provas. Como observado pelas autoridades suíças, a coleta de provas está sendo realizada numa base de cooperação. Estamos satisfeitos em ver que a investigação está sendo energicamente perseguida para o bem do futebol e acredito que vai ajudar a reforçar as medidas que a Fifa já toma", informou a entidade em nota divulgada para a imprensa.
Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, 14 pessoas serão acusadas formalmente por envolvimento no caso.
Réu confesso, José Hawilla, 71, dono da Traffic Group, maior agência de marketing esportivo da América Latina, que tem os direitos de transmissão, patrocínio e promoção de campeonatos de futebol e jogadores, além de empresas de comunicação no Brasil, também é citado pela Justiça americana.
Segundo a nota do governo dos Estados Unidos, o executivo teria concordado com o confisco de US$ 151 milhões (R$ 473 milhões na cotação atual) de seu patrimônio – US$ 25 milhões (R$ 78 milhões) deste total já teriam sido pagos no momento da confissão.


ELEIÇÃO ESTÁ CONFIRMADA
O diretor de Comunicação da Fifa, Walter de Gregório, disse em entrevista coletiva que a entidade é parte "prejudicada" pelo episódio, e que está colaborando com as autoridades.
Segundo ele, apesar do momento difícil, a operação é uma "coisa boa" para a entidade.
De acordo com o assessor, as autoridades suíças relataram que escolheram quarta-feira (27.maio.2015) para as prisões por causa da facilidade em encontrar todos os dirigentes acusados no mesmo lugar. A Fifa confirmou a realização da eleição para a próxima sexta-feira (29.maio.2015).
No cargo desde 1998, Blatter deve ser reeleito com tranquilidade – seu único adversário é o príncipe da Jordânia, Ali bin Al-Hussein. Em comunicado comentando a operação da polícia suíça, Ali disse que "hoje é um dia triste para o futebol".
O ex-jogador português Luís Figo era candidato até semana passada, quando saiu da disputa disparando contra o comando da entidade. Junto dele também desistiu da candidatura o dirigente holandês Michael van Praag. Ambos apoiam agora o príncipe da Jordânia.
Em um comunicado, Figo criticou a eleição de sexta e classificou de "ditadura" o atual modelo de comando da Fifa.
Ao todo, 209 federações votam no pleito. Até agora, do ponto de vista relevante, o príncipe da Jordânia recebeu apenas o apoio dos cartolas europeus, sobretudo do presidente da Uefa, Michel Platini, mas insuficiente para derrotar Blatter.

INVESTIGAÇÕES SOBRE PROPINA EM CONTRATOS COM A CBF
A Nike divulgou que está cooperando com as investigações da Justiça americana sobre os casos de corrupção envolvendo a empresa e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
A parceria entre a CBF e a Nike foi firmada em 1996, sob a gestão do então presidente da entidade, Ricardo Teixeira, e continua em vigor. Após aditivos, foi renovada para até 2017.
O acordo, anunciada à época como o maior da história do futebol, era para ser o início da história da Nike no esporte, território dominado até então pela rival Adidas.
Mas essa primeira demonstração de força rapidamente virou polêmica. Na época, ao romper com a Umbro – que hoje pertence à Nike –, a confederação brasileira cedeu parte de seu controle sobre a seleção para os americanos e irritou dirigentes e políticos.
Em 2014, a CBF recebeu R$ 359,4 milhões apenas em patrocínios, segundo balanço da entidade. No ano anterior, foram R$ 278,1 milhões.

Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, parte do valor do contrato entre a empresa norte-americana [Nike] e a entidade brasileira [CBF] foi desviada em propina para J.Hawilla e um "alto dirigente da CBF", que não é identificado. A investigação é a mesma que levou à detenção de sete dirigentes do futebol, incluindo o ex-presidente e atual vice da confederação nacional, José Maria Marin.
Segundo nota das autoridades americanas, as investigações incluem acusações sobre pagamento de suborno em relações ao contrato da CBF com uma grande marca esportiva americana e também pagamentos em relação a contratos da Copa do Brasil.
A principal patrocinadora da CBF é a Nike, que é a fornecedora da entidade desde a década de 1990.
"Como todos os nossos fãs ao redor do mundo, nós somos apaixonados pelo jogo e estamos preocupados com essas acusações muito sérias. A Nike acredita fortemente em ética e fair play tanto nos negócios como no esporte, e repudia fortemente toda e qualquer forma de manipulação ou propina. Nós já estamos cooperando, e seguiremos cooperando, com as autoridades", informou a Nike, via assessoria de imprensa.



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