Após divergências sobre cortes, Levy diz que não pensou em sair do governo
Após ter faltado ao anúncio do corte do Orçamento, na sexta-feira
(22.maio.2015), e deixado se espalhar nos bastidores seu
descontentamento com o valor do contingenciamento – R$ 69,9 bilhões –,
bem abaixo do que desejava, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse
na segunda-feira (25.maio.2015) que "não houve divergência" quanto aos
números e que, em nenhum momento, pensou em sair do governo.
"Não pensei em nada de sair", disse o ministro em entrevista a
jornalistas após reunião da coordenação política do governo Dilma
Rousseff.
"Não houve divergências. Eu estava realmente resfriado ou gripado. Houve
um certo alvoroço em torno dessa história, mas eu expliquei o que
estava acontecendo", completou.
Oficialmente, a versão da assessoria de Levy e do Palácio do Planalto
foi a de que o ministro não compareceu ao anúncio do corte porque estava
gripado. Levy confirmou a tese e, inclusive, fez questão de tossir
perto do microfone ao falar do assunto durante a entrevista, o que
provocou risos dos presentes.
Ao lado do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, Levy fez uma defesa
do ajuste e pediu agilidade do Senado para votar as medidas provisórias
do ajuste fiscal que, caso não sejam aprovadas até 1º de junho, perderão
validade. Segundo o ministro da Fazenda, "delongas não favorecem a
retomada do crescimento."
A votação do projeto de lei que trata da desoneração da folha de
pagamento já foi adiada no Congresso para o início de junho, o que
preocupou o governo. "Os setores se prepararam para desoneração", disse
Levy. Para ele, o setor privado "não quer privilégios, mas segurança e
clareza."
O ministro da Fazenda Joaquim Levy |
SEM RECEITA
Ao justificar o corte, Mercadante afirmou que o governo "não tem
receita" para executar o Orçamento aprovado em 2015. "Nós não temos a
receita para podermos executar o Orçamento que foi aprovado tardiamente.
Precisamos do contingenciamento e vamos ter que trabalhar com os
recursos disponíveis", disse.
Levy, por sua vez, defendeu que a nova previsão de receitas presente no
decreto de contingenciamento é realista, mas que vai demandar aumento de
eficiência da economia e eliminação de perdas.
Mais cedo, Levy falou que o país tem problema de arrecadação e que os
dados contidos no Orçamento, enviado há um mês, não têm "conexão com a
realidade".
Entre as ações de aumento da eficiência, Levy defendeu a abertura de
capital da área de seguros da Caixa Econômica e a reforma do Carf
(Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).
"Agenda de aumento da oferta é o que o Brasil precisa. O Brasil precisa
ser mais competitivo para ter mais salários subindo", disse o ministro.
Segundo ele, a responsabilidade do governo com essas medidas é de
garantir um "equilíbrio futuro" nas contas, para dar confiança aos
investidores.
"É uma ilusão pensar que as pessoas vão investir se elas virem problema
fiscal. É uma ilusão que alguém vai botar dinheiro em infraestrutura
(...) se as pessoas têm receio de que em dez anos a Previdência vai
estar em desequilíbrio grave."
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