Fazenda amplia lista de impostos que podem ser elevados
Diante das novas indicações de que as medidas do pacote fiscal vão
render bem menos recursos do que o previsto, o ministro Joaquim Levy
(Fazenda) aumentou a lista dos impostos que podem ser elevados para
garantir o cumprimento da meta de superavit primário neste e nos
próximos anos.
A novidade é a extinção de um benefício fiscal criado no governo FHC
(1995-2002) para a distribuição de lucros das empresas, que reduz as
despesas com pagamento de Imposto de Renda e CSLL (Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido). Com o fim da isenção, o governo pode arrecadar
R$ 10 bilhões anuais.
O fim da vantagem tem defensores na área técnica da Receita Federal e no
PT. A medida poderia ser apresentada como um contraponto à crítica
frequente de que o ajuste fiscal do governo poupa o capital e se
concentra nos benefícios trabalhistas.
Estão também na lista em elaboração pelo governo o aumento da alíquota
de CSLL de 15% para 17% de bancos, que pode gerar uma receita extra
anual de R$ 1,5 bilhão, além de ajustes na cobrança de PIS/Cofins e
aumento de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
A decisão final sobre que impostos serão elevados e quais serão
anunciados junto com a divulgação do tamanho do corte no Orçamento será
tomada nesta quinta-feira (21.maio.2015), em reunião da presidente Dilma
Rousseff com sua equipe econômica.
Ela já decidiu que o bloqueio de gastos será de, no mínimo, R$ 70 bilhões.
Levy decidiu engordar a lista de aumento de impostos, que depende de
aval da presidente Dilma, depois que ficou mais claro que dificilmente
contará com a receita de R$ 5,3 bilhões que ele previa conseguir neste
ano com as mudanças na desoneração da folha de pagamento.
Além disso, tudo indica que a economia com a restrição de benefícios
trabalhistas e previdenciários pode ficar na casa de R$ 7 bilhões em
2015, não atingindo os R$ 11 bilhões previstos.
Os R$ 7 bilhões do abono salarial, que totalizariam a economia prevista
de R$ 18 bilhões, não podem vigorar neste ano e correm risco inclusive
de cair na negociação do ajuste no Congresso.
EXTINÇÃO DE BENEFÍCIO
O benefício fiscal criado no governo tucano permite que as companhias
remunerem seus acionistas por meio do que ficou conhecido como juros
sobre capital próprio, em vez da tradicional distribuição de dividendos.
De acordo com a legislação em vigor, o pagamento de juros sobre o
capital próprio – limitado a uma parcela do patrimônio da empresa – é
contabilizado como despesa, o que permite reduzir a carga do Imposto de
Renda e da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido).
Já os que recebem os recursos são tributados em 15%, uma alíquota bem
inferior, por exemplo, ao teto de 27,5% do IR das pessoas físicas.
Os ganhos de receita, porém, só se concretizariam a partir de 2016,
porque aumentos do Imposto de Renda só podem ser cobrados no ano
seguinte ao da aprovação pelo Congresso.
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