Petrobras acena com preço de mercado [aumento] para combustíveis
Para reforçar a credibilidade junto aos investidores, a Petrobras vai
assumir formalmente o compromisso de praticar preços de mercado na venda
de combustíveis em seu novo plano de negócios, que deve ser divulgado
na primeira quinzena de junho.
O time comandado pelo novo presidente, Aldemir Bendine, acredita, porém,
que será preciso também fazer os reajustes na prática para recuperar a
confiança.
Analistas ouvidos pela reportagem sob a condição de anonimato dizem que,
sem essa prova concreta, seria importante que fosse divulgada uma
fórmula de reajuste.
Segundo apurou a reportagem, o assunto ainda está em discussão, mas é
pouco provável que a empresa se comprometa com uma fórmula concreta de
reajuste da gasolina e do diesel, como chegou a ser cogitado pela
ex-presidente da estatal Graça Foster.
Nas últimas semanas, a diretoria da empresa tem reforçado que serão
praticados preços de mercado. Sem isso, a companhia pode ter dificuldade
em obter receita suficiente para garantir o pagamento de sua dívida líquida, que chega a R$ 332 bilhões.
Entre os pressupostos de financiamento de seus planos de negócios,
gestões anteriores já afirmavam trabalhar com "convergência entre preços
internacionais e locais", o que não se cumpria.
SUBSÍDIOS
A política de segurar os preços dos combustíveis para conter a inflação sangrou o caixa da estatal, que deixou de ganhar R$ 55 bilhões de 2011 a 2014 segundo o CBIE.
No final de 2013, Foster chegou a anunciar que adotaria uma fórmula de
reajuste dos combustíveis. Mas a executiva foi desautorizada por Dilma e
nunca divulgou detalhes da fórmula.
Naquela época, o conselho de administração adotou parâmetros para
pagamento de dívida que, teoricamente, balizariam os reajustes: se a
projeção para dezembro de 2015 apontasse alavancagem (dívida sobre
patrimônio) acima de 35%, o preço subiria. Hoje o indicador está em 43%.
Com a queda do preço do petróleo, a nova gestão ganhou uma trégua para
enfrentar esse embate. A defasagem entre preços locais e externos, que
chegou a ser de 20% no início de 2014, virou e ajudou as contas da
empresa no primeiro trimestre.
A cotação do barril, no entanto, tem subido. Conforme o CBIE, a
defasagem está em 8% para a gasolina, mas o diesel no Brasil ainda está
4% acima da cotação no Golfo do México (referência global).
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