Receita prevista no Orçamento não condizia com a realidade, diz Levy
O ministro Joaquim Levy (Fazenda) afirmou na manhã de segunda-feira
(25.maio.2015) que o bloqueio de gastos anunciado pelo governo na
sexta-feira (22.maio.2015) foi necessário porque as receitas
consideradas no Orçamento aprovado há um mês não estão "nem próximas" da
realidade.
"Contingenciamento é uma parte da estratégia. É necessário porque as
receitas previstas no Orçamento, que foi aprovado um mês atrás, não têm
conexão com a realidade da arrecadação", admitiu.
"Como as receitas não estão nem próximas daquilo que está previsto no
Orçamento aprovado no mês passado, por várias razões, faz-se necessário
que, onde o governo pode, tenha cortado. Cortou-se com muita cautela,
equilíbrio, na medida em que se poderia fazer, inclusive sem impor o
menor risco em relação ao crescimento econômico", completou.
Cadeira destinada ao ministro Joaquim Levy |
Depois de ter faltado ao anúncio do corte no Orçamento, Levy acionou sua
assessoria de imprensa para falar a jornalistas na entrada do
ministério, e defendeu o tamanho do bloqueio de gastos.
"Acho que o contingenciamento foi no valor adequado. Essa é uma parte
das políticas que estão sendo postas em prática, é uma parte
importante."
Levy, que é pouco afeito a falar com jornalistas na entrada do
ministério, articulou essa declaração sobre o contingenciamento após
especulações de que teria faltado ao anúncio por discordar do corte de
quase R$ 70 bilhões anunciado na última sexta-feira (22.maio.2015).
Ele teria defendido uma tesourada mais severa, o que não foi acatado. A
versão oficial foi a de que ele faltou ao evento em função de uma gripe.
Em vez de ir ao ministério do Planejamento, divulgar ao lado de seu
colega Nelson Barbosa a nova programação orçamentária, ficou em seu
gabinete no Ministério da Fazenda.
COMPETITIVIDADE
Segundo ele, há outras políticas "estruturais" que estão sendo
executadas, como realinhamento de preços, concessões e redução de
subsídios a bancos públicos. Nesse último caso, ainda é preciso
encontrar um novo modelo, disse.
"Vamos ver como a gente reorganiza o financiamento de longo prazo agora
que acabou o dinheiro via aquele modelo mais baseado em recursos
públicos. Esses recursos públicos acabaram."
Levy defendeu nesta segunda-feira (25.maio.2015) que é preciso olhar
para o tema da competitividade e da produtividade, e que é preciso ter
uma situação mais "equilibrada" do ponto de vista das receitas.
"O Brasil tem que fazer um ajuste estrutural. Mudaram as condições da
economia brasileira, o preço das commodities, que ainda é importante no
Brasil [reduziu]."
Segundo ele, a indústria não reagiu aos incentivos fiscais dados pelo
governo, e por isso é preciso pensar em outras medidas além da injeção
de recursos públicos para que a economia tenha mais vitalidade.
"Nós temos um problema de arrecadação. Nós sofremos um pouco com algumas
medidas de Refis [programa de parcelamento de dívidas tributárias]. Nos
últimos anos, a arrecadação sistematicamente não tem atendido às
necessidades do governo, tem-se vivido de receitas extraordinárias, de
programas como Refis, outras coisas, ao mesmo tempo em que se davam as
desonerações."
PIB
Levy admitiu ainda que não será uma surpresa se o resultado trimestral
do PIB (Produto Interno Bruto) a ser divulgado nesta semana for de
retração. E defendeu novamente o ajuste fiscal em curso para colocar a
economia do país em rota de crescimento.
"No começo do ano os agentes estavam em grande expectativa de
retraimento. Então, não seria surpresa a gente ver uma situação desta",
disse.
"Se a gente fizer os ajustes, tanto o fiscal, como outros ajustes
econômicos mais profundos, a gente consegue botar a economia crescendo
outra vez, que é o que a gente quer", defendeu.
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