Oposições moverão ação criminal contra Dilma
Reunidos na manhã de quinta-feira (21.maio.2015) pelo presidente do
PSDB, Aécio Neves, os partidos de oposição decidiram protocolar na
Procuradoria-Geral da República uma representação contra Dilma Rousseff.
A presidente será acusada da prática de crime comum em função das
chamadas “pedaladas fiscais” do governo. A petição foi preparada pelo
jurista Miguel Reali Jr.. E será entregue ao procurador-geral Rodrigo
Janot na próxima terça-feira (26.maio.2015). Avalizam a ação, além do
PSDB, outros quatro partidos: DEM, PPS, Solidariedade e PSC.
Reunião dos partidos de oposição |
“A ação conjunta das oposições reforça o movimento que busca reparar os
enormes danos que os governos do PT vêm causando ao país”, disse Aécio
Neves. Na véspera, o senador mineiro, antagonista de Dilma na eleição
presidencial de 2014, descartara a hipótese de o tucanato patrocinar um
pedido de impeachment. Algo que lhe rendeu muitas críticas de representantes dos movimentos que pregam o afastamento da presidente na web e nas ruas.
Embora não utilize o vocábulo impeachment, o objetivo das legendas de
oposição é o de afastar Dilma do cargo de presidente. A diferença é que,
em vez de entrar com um pedido de afastamento por crime de
responsabilidade junto à presidência da Câmara, optou-se pela via do
crime comum. Com isso, a decisão sobre o futuro da ação passa a ser do
procurador Janot, não do presidente da Câmara, e Eduardo Cunha
(PMDB-RJ).
“É muito difícil que o procurador-geral não atenda a esta proposta”,
disse Aécio. “Se entrássemos simplesmente com um pedido de impeachment,
ele poderia ser arquivado aqui [no Congresso], como dezenas de outros.
Prefiro a cautela, a consistência das informações porque elas nos darão
mais segurança enquanto aguardamos novos desdobramentos, novos fatos que
se sucedem a cada dia.”
Rodrigo Janot terá dois caminhos: ou arquiva a petição ou envia para o
STF um pedido de abertura de ação penal para investigar Dilma. Se adotar
a segunda opção, o Supremo terá de submeter o pedido à Câmara. Nesse
ponto, o processo por crime comum coincide com o procedimento por crime
de responsabilidade. Os deputados terão de decidir, por maioria de dois
terços, se autorizam ou não a investigação contra a presidente da
República.
Reza a Constituição que, havendo a autorização da Câmara, Dilma terá de
se afastar do cargo por 180 dias, exatamente como ocorre no caso do
processo de impeachment. Com uma diferença: em vez de ser submetida ao
juízo do Senado Federal, como ocorreria no impeachment, Dilma seria
julgada pelo STF.
As “pedaladas fiscais” do governo foram apontadas pelo Tribunal de
Contas da União. Em auditoria aprovada pelo plenário do TCU,
verificou-se que, sob Dilma, o Tesouro Nacional atrasou sistematicamente
repasses a instituições financeiras como a Caixa Econômica Federal e o
Banco do Brasil. Com isso, os bancos estatais tiveram de honrar com
recursos próprios o pagamento de programas oficiais como o Bolsa
Família. As operações foram caracterizadas como empréstimos, o que é
proibido por lei.
“O crime da pedalada já está evidenciado, não há hipótese de o
procurador-geral deixar de encaminhar o pedido de ação penal ao
Supremo”, disse o líder tucano no Senado, Cássio Cunha Lima (PB). “Se
deixar de tomar as providências, o doutor Janot será o novo
engavetador-geral da República”, ecoou o também tucano Bruno Araújo
(PE), líder da bancada da minoria na Câmara.
Líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado, que também participou do
encontro convocado por Aécio, realçou a união das legendas que se opõem
ao governo. “A oposição atestou sua unidade na reunião de hoje.” Caiado
diz esperar que também os “movimentos populares” consigam “unificar suas
ações.”
A escolha da terça-feira (26.maio.2015) como dia da formalização do
processo não foi casual. No dia seguinte, quarta-feira (27.maio.2015),
chega a Brasília a caravana do grupo Movimento Brasil Livre. Prevê-se a
realização de uma manifestação defronte do Congresso Nacional. “Vamos
estender o tapete vermelho para recebê-los”, disse Cássio Cunha Lima.
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