Nova bateria promete criar casas autônomas
Se o futuro acontecer como imaginou o sul-africano Elon Reeve Musk, os
problemas da energia e do aquecimento global serão resolvidos. O futuro
cabe numa bateria de 130 cm para pendurar na parede.
Musk já foi comparado a Thomas Alva Edison (1847-1931) e a Steve Jobs
(1955-2011). Ele concretiza em produtos coisas improváveis como carros
elétricos esportivos – os modelos Tesla dos EUA.
Agora ele quer aprisionar a energia limpa e ininterrupta do Sol numa caixa discreta e elegante, a Powerwall.
A inovação foi apresentada ao público americano em Los Angeles, há uma
semana, por US$ 3.500 (cerca de R$ 11 mil) no modelo de 10
quilowatts-hora (kWh). É o bastante para manter acesa por algumas horas
uma casa de classe média alta.
Há também uma versão de 7 kWh por US$ 3.000. As duas modalidades já
podem ser encomendadas e começarão a ser entregues em três ou quatro
meses. O preço final de instalação deverá ficar em torno de US$ 5.000.
A Tesla na verdade repaginou as baterias de íons de lítio que já equipam
seus carros (e usam a tecnologia empregada em telefones celulares).
Empacotou-as de modo que possam fornecer energia para iluminação e
eletrodomésticos sem ocupar espaço.
Ao caprichar no preço e no desenho, porém, Musk pretende uma reviravolta
tecnológica: a era da geração distribuída baseada em energia solar. De
simples consumidores de eletricidade, todos viram também produtores.
Na sua visão, Powerwalls se espalharão pelo mundo conectadas com painéis
fotovoltaicos, que convertem a luz solar em eletricidade. Armazenada no
dispositivo, a energia estaria disponível para ser consumida à noite –
solução ideal para locais remotos, distantes da rede de distribuição.
"Vamos ver algo parecido com [o confronto] celulares versus linhas telefônicas terrestres", previu Musk.
"A Cinderela dessa bateria de 10 kW é a residência familiar. Ela é um
sapato perfeito", diz Roberto Ziller, professor do Instituto de Energia e
Ambiente da USP.
BILHÕES E BILHÕES
A Alemanha é o país que mais se assemelha ao paraíso de Musk. Lá 7% da
energia consumida provém de 1,4 milhão de sistemas solares instalados. A
geração distribuída ganha escala, e os preços caem 13% ao ano.
A Tesla parece estar de olho no mercado germânico, afora o dos EUA. Além
das baterias domésticas, lançou ainda uma versão de 100 kWh para
empresas, os Powerpacks.
Também modulares, esses modelos parrudos podem ser agrupados
indefinidamente, em arranjos com capacidade para megawatts-hora (MWh).
Daria para abastecer cidades com milhares de habitantes.
Musk aposta alto: 2 bilhões de Powerpacks poderiam fornecer toda a
energia hoje utilizada no mundo, o que cortaria emissões de CO2 e
desaceleraria a mudança do clima. É muita bateria, no entanto. O
empresário ressalta que 2 bilhões é o número aproximado de veículos
automotores rodando no planeta: "Está no alcance da humanidade fazer
isso".
Para pôr o plano em prática, Musk está construindo uma fábrica de US$ 5
bilhões no Estado americano de Nevada e tem como parceira a empresa
japonesa Panasonic.
Coberta de painéis solares, a instalação produzirá milhares de baterias
para carros Tesla, assim como Powerwalls e Powerpacks. Com isso, a
companhia espera ganhar escala e seguir reduzindo preços para empurrar o
mercado na direção dos sistemas fotovoltaicos (fornecidos por outra
empresa de Musk, Solar City).
"Não é algo que a Tesla vá fazer sozinha", ressalvou o empresário, que
anunciou que serão abertas as patentes da Powerwall e do Powerpack, como
já faz com as inovações para carros elétricos.
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