terça-feira, 26 de maio de 2015


Após divergências sobre cortes, Levy diz que não pensou em sair do governo

Após ter faltado ao anúncio do corte do Orçamento, na sexta-feira (22.maio.2015), e deixado se espalhar nos bastidores seu descontentamento com o valor do contingenciamento – R$ 69,9 bilhões –, bem abaixo do que desejava, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse na segunda-feira (25.maio.2015) que "não houve divergência" quanto aos números e que, em nenhum momento, pensou em sair do governo.
"Não pensei em nada de sair", disse o ministro em entrevista a jornalistas após reunião da coordenação política do governo Dilma Rousseff.
"Não houve divergências. Eu estava realmente resfriado ou gripado. Houve um certo alvoroço em torno dessa história, mas eu expliquei o que estava acontecendo", completou.
Oficialmente, a versão da assessoria de Levy e do Palácio do Planalto foi a de que o ministro não compareceu ao anúncio do corte porque estava gripado. Levy confirmou a tese e, inclusive, fez questão de tossir perto do microfone ao falar do assunto durante a entrevista, o que provocou risos dos presentes.
Ao lado do chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, Levy fez uma defesa do ajuste e pediu agilidade do Senado para votar as medidas provisórias do ajuste fiscal que, caso não sejam aprovadas até 1º de junho, perderão validade. Segundo o ministro da Fazenda, "delongas não favorecem a retomada do crescimento."
A votação do projeto de lei que trata da desoneração da folha de pagamento já foi adiada no Congresso para o início de junho, o que preocupou o governo. "Os setores se prepararam para desoneração", disse Levy. Para ele, o setor privado "não quer privilégios, mas segurança e clareza."

O ministro da Fazenda Joaquim Levy

SEM RECEITA
Ao justificar o corte, Mercadante afirmou que o governo "não tem receita" para executar o Orçamento aprovado em 2015. "Nós não temos a receita para podermos executar o Orçamento que foi aprovado tardiamente. Precisamos do contingenciamento e vamos ter que trabalhar com os recursos disponíveis", disse.
Levy, por sua vez, defendeu que a nova previsão de receitas presente no decreto de contingenciamento é realista, mas que vai demandar aumento de eficiência da economia e eliminação de perdas.
Mais cedo, Levy falou que o país tem problema de arrecadação e que os dados contidos no Orçamento, enviado há um mês, não têm "conexão com a realidade".
Entre as ações de aumento da eficiência, Levy defendeu a abertura de capital da área de seguros da Caixa Econômica e a reforma do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).
"Agenda de aumento da oferta é o que o Brasil precisa. O Brasil precisa ser mais competitivo para ter mais salários subindo", disse o ministro.
Segundo ele, a responsabilidade do governo com essas medidas é de garantir um "equilíbrio futuro" nas contas, para dar confiança aos investidores.
"É uma ilusão pensar que as pessoas vão investir se elas virem problema fiscal. É uma ilusão que alguém vai botar dinheiro em infraestrutura (...) se as pessoas têm receio de que em dez anos a Previdência vai estar em desequilíbrio grave."


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