segunda-feira, 10 de setembro de 2012


Silvinho, o gênio da raça petista.

Elio  Gaspari
Em 2003, Silvio Pereira, secretário de organização do PT, tornou-se um dos homens mais poderosos do país. Centralizou os registros de candidatos a cargos no governo e, depois da posse de Lula, comandou o Grupo de Trabalhos Eleitorais.
Ele foi um dos primeiros petistas a verem em Marcos Valério um gênio das finanças. Quando ia ao Planalto, despachava numa sala próxima à do comissário José Dirceu. Tinha 42 anos e viera de Osasco, onde trabalhara na lanchonete da família, a Cebolinha. Tornou-se uma estrela promissora da nova ordem.
O PT tinha dois propinodutos. Um ficou conhecido como o mensalão, outro, apelidado de “gibi”, remunerava companheiros de cargos que pareciam mal remunerados. Conta a lenda que “Silvinho” jogou no lixo as 150 cadernetas de anotações de seus primeiros tempos de poder.
Em 2005 explodiu o escândalo do mensalão, e ele foi acusado de formar um triunvirato com José Dirceu e Delúbio. Meses depois, apanharam-no com uma Land Rover de R$ 74 mil, presenteada por um empreiteiro. Deixou o cargo e o partido.

Silvinho -  Land  Rover

Em maio de 2006, deu uma entrevista à repórter Soraya Aggege com a mais detalhada narrativa petista do mensalão. Temia até mesmo ser assassinado. Foi dado por louco. Seus advogados, informavam que ele passava por “visível transtorno de adaptação à realidade”. Era o contrário, o governo é que transtornava a realidade, como se viu no Supremo.
Silvio Pereira foi um homem de sorte. Não teve cargo público nem há registro de que tenha tocado em dinheiro do Banco Rural. Com isso, o Supremo excluiu-o da denúncia por peculato e corrupção ativa. Sobrou-lhe uma acusação de formação de quadrilha, mas ele foi clarividente: fez um acordo com o Ministério Público e aceitou uma pena de 750 horas de serviços comunitários.
Silvinho protegeu o arquivo de sua memória. Fez um curso de gastronomia e, em julho passado, planejava o cardápio do restaurante de sua irmã, ao lado da sua lanchonete, a Tia Lela, próxima à prefeitura de Osasco.

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