terça-feira, 11 de setembro de 2012


Professora impedida de dar aulas após câncer volta a lecionar no Rio Grande 
do Sul

Mônica voltou a dar aulas na segunda-feira 
em escola de Feliz

Depois de vencer a luta contra o câncer, Mônica Reichert Weyh, de 23 anos, derrotou também a burocracia. A professora de matemática que foi afastada do trabalho após uma perícia médica do Estado considerá-la inapta voltou à sala de aula na segunda-feira (10 de setembro), no município de Feliz, no Vale do Caí, Rio Grande do Sul.
No retorno à escola, Mônica foi recebida com abraços e aplausos de alunos e colegas. Ela ficou quatro semanas sem poder dar aulas nas duas escolas de Ensino Fundamental da rede estadual onde trabalha. Agora, as contas no quadro negro voltarão a fazer parte da rotina da professora durante 34 horas semanais, divididas em aulas para cinco turmas da sexta, sétima e oitava séries.
“É a realização de um sonho. Depois de toda uma luta contra a doença, poder voltar a trabalhar, exercer a minha atividade profissional, é muito gratificante”, disse Mônica, que vai se casar no próximo dia 29.
Em maio do ano passado, a jovem recebeu o diagnóstico de um câncer linfático. Foram meses de tratamento com quimio e radioterapia. Para não perder o semestre na universidade, ela foi autorizada a estudar em casa e conseguiu se formar em matemática. Mas após vencer a doença e com o diploma em mãos, a professora teve de enfrentar outra batalha para conseguir ser contratada.
Mônica começou a dar aulas nas escolas Maria Saturnina Ruschel e Ivonny Kayser no mês de junho, em caráter emergencial. Mas na hora de assinar o contrato, ela foi informada que um laudo emitido por um perito vinculado à Secretaria de Administração e Recursos Humanos (SARH) a considerava inapta para o magistério, apesar de ela já ter se curado.
Inconformada, a professora recorreu da decisão e uma nova perícia foi feita por uma junta de médicos do Departamento de Perícias Médicas e Saúde do Trabalhador (Dmest). Dessa vez, ela foi considerada capaz de exercer a função, mas ainda assim não foi autorizada a dar aulas por causa de um problema burocrático da Secretaria da Educação (Seduc).
A diretora de Recursos Humanos da Seduc, Virgínia Nascimento, explica que a admissão de Mônica foi cancelada de acordo com a Lei Estadual 12.147, segundo a qual, na interpretação da pasta, os professores emergenciais reprovados na perícia não têm o direito de recorrer da decisão. O Dmest, ao contrário, diz que qualquer cidadão tem esse direito, previsto na Constituição. “Nós tínhamos dois laudos, com resultados diferentes, e isso gerou um impasse e criou todo esse problema para essa professora”, explicou Virgínia.
O caso de Mônica fez a Seduc rever o processo de admissão de funcionários. Segundo diretora de Recursos Humanos, o Dmest vai definir um prazo para que os professores reprovados na perícia possam recorrer da decisão e se comprometeu a não enviar o laudo negativo antes desse prazo, apenas quando ele for definitivo. Esse procedimento deve evitar a existência de dois laudos conflitantes no sistema, acredita a Seduc.


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