segunda-feira, 17 de setembro de 2012


‘Eu não vou fugir do Brasil’

José  Dirceu

À espera do veredicto do STF, José Dirceu diz que não lhe passa pela cabeça a ideia de fugir do país para evitar a prisão em caso de condenação. “Essa história que inventam de que vou sair do Brasil não combina comigo.”
Dirceu falou à repórter Mônica Bergamo. Recebeu-a para um café da manhã no seu apartamento, em São Paulo. Declarou que só rumou para o estrangeiro na década de 60 porque foi “expulso do país”.
“Cassaram a minha nacionalidade. Eu era um apátrida, não podia viajar. Quem me impedia de voltar era a ditadura militar. E mesmo assim eu voltei para o Brasil, duas vezes, colocando a minha própria vida em risco. Eu iria embora agora?”
A pedido do advogado, Dirceu guardava obsequioso silêncio desde que o mensalão começou a ser julgado no STF, há um mês e meio. Desgrudou os lábios para negar o plano de fuga: “O PT tem defeitos. Mas se tem algo que não conhecemos no PT é a palavra covardia. A chance de eu fugir do Brasil é nenhuma. Zero.”
Bem posto na vida, o ex-líder estudantil, hoje um próspero consultor de empresas, recepcionou a repórter com uma frase que destoa de sua condição: “A burguesia acorda tarde. Eu saí da cama faz tempo e estou morrendo de fome.”
Já acomodado à mesa do café, disse que não se deixa abater pelo julgamento. “Eu não estou deprimido. Eu não tenho razão para estar deprimido. Eu tenho objetivos, metas, sonhos.”
A azáfama do STF tampouco conspurcou-lhe a rotina: “Acordo às seis da manhã todos os dias. Recebo o resumo das notícias. […] “Gasto duas ou três horas lendo toda a imprensa brasileira, no iPad e no meu laptop. Depois, escrevo artigos para o blog.”
Dirceu está mais magro. Pelas suas contas, perdeu seis quilos. Nada a ver com o mensalão, apressa-se em dizer. “Eu faço muita ginástica. Desde 1998, tenho um instrutor.” Exercita-se na academia do seu prédio. Faz esteira, musculação e alongamento. “Me sinto bem”, ele diz.
Mesmo entre os amigos de Dirceu há quem considere palpável o risco de ele ser condenado. O réu, porém, ainda se refere à encrenca que o engolfa com uma ponta de otimismo. Nega que tenha admitido a condenação numa conversa com Lula. “Isso não aconteceu. Não é que não tem prova no processo contra mim. Eu fiz a contraprova. Eu sou inocente. Eu confio na Justiça.”

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