quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012


General que chorou ao ganhar bolo de grevistas é afastado de funções
Exército e governo federal não gostaram da postura, que, para governador baiano, enfraqueceu negociações.

Marco  Edson  Gonçalves  Dias
general da 6ª região militar
O general Marco Edson Gonçalves Dias, da 6ª região militar, foi afastado das funções que exercia de comando das operações em Salvador, onde os policiais militares estão em greve desde a ultima terça-feira.
Na quarta-feira - 8 de fevereiro -, o comandante da Força, general Enzo Martins Peri, determinou ao comandante militar do Nordeste, general Odilson Sampaio Benzi, que seguisse para a capital baiana e assumisse o comando da tropa local.
[O general Enzo chegou a Salvador ainda pela manhã. Reuniu-se com o governador Jaques Wagner. E só deverá sair de lá depois que a greve da PM baiana chegar ao fim.]
A postura do general G. Dias, que foi chefe da segurança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desagradou não só o Exército, como o Palácio do Planalto.
A presidente Dilma Rousseff não escondeu a sua "indignação" com o episódio. Chegou a comentar que considerou "inaceitável" a postura do general G. Dias de "apagar velinhas", mesmo sendo seu aniversário, passando a ideia de que estava confraternizando com os manifestantes.
"Isto é inadmissível", desabafou, acrescentando que "não esperava isso dele. Dilma relatou ainda que o governador Jaques Wagner telefonou para ela se queixando do comportamento do general e ressaltando que este fato "atrapalhava as negociações" com os grevistas.
Em conversas com o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, o governador baiano, de quem G. Dias é amigo, reconheceu que o general "extrapolou" e enfraqueceu as negociações, que acabaram se arrastando por mais tempo, quando se esperava que elas fossem concluídas, no máximo, até quarta-feira.
No Exército, o gesto de G. Dias de dizer que ele estava na manifestação presente "sem colete a prova de balas", na avaliação de militares, causou um tremendo mal estar porque ele parecia mais aliado dos grevistas, considerados fora da lei pelos oficiais das Forças Armadas, do que da população que precisa de proteção.
Militares comentaram ainda que o general enfraqueceu a capacidade de negociação do governo porque deixou claro para os líderes do movimento que não ia haver confronto com eles.
"A postura dele foi fora do contexto e sem consultar ninguém", disse um dos oficiais consultados, "Ele apareceu defendendo o grupo que esta transgredindo a lei e sendo combatido. Com isso, passou uma mensagem negativa, equivocada e foi péssimo para a Força", comentou outro militar.
Esta postura, na avaliação de militares, atrapalha até mesmo futuras operações de garantia da lei e da ordem, conhecida pela sigla GLO, dando demonstração de que o Exército não vai invadir uma assembleia tomada por PMs grevistas, enfraquecendo o poder de dissuasão da força.
Diante do ocorrido, o comandante do Exército, general Enzo, que está como ministro Interino da Defesa, telefonou para o general Benzi, superior hierárquico de G. Dias, e comandante do Nordeste, e determinou que seguisse para Salvador, para comandar a operação.
O general G. Dias reconheceu que ultrapassara os limites e telefonou para o governador Jaques Wagner para se desculpar.


Nenhum comentário:

Postar um comentário