'É lógico que é para corrigir o preço dos combustíveis', diz presidente da Petrobrás
Maria das Graças Foster |
"Se você me pergunta: é para corrigir preço? É lógico que é para corrigir preço, a perdurar os patamares vigentes nos últimos seis meses. (...) Não faz sentido imaginar que quem vende - qualquer coisa que seja, uma xícara, um caderno, gasolina, diesel - não repasse ao mercado as suas vantagens e as suas desvantagens", declara Graça.
Em entrevista concedida na sexta-feira - 24 de fevereiro, a executiva, primeira mulher a presidir a maior empresa brasileira, não se negou a responder a nenhuma pergunta. À vontade no gabinete remodelado, onde espalhou flores, mudou posição de móveis, distribuiu fotos da família e objetos pessoais, como a pequena escultura dos Beatles, ela recebeu os repórteres reclamando de um troféu momesco: bolhas nos pés, resultado do concorrido desfile no bloco Simpatia é Quase Amor, uma instituição carnavalesca de Ipanema.
Mas lamentou não ter atravessado a Sapucaí com sua escola de coração, a União da Ilha do Governador, para evitar uma superexposição. Passado o carnaval, o ano começa com muito trabalho e um caderno já totalmente preenchido à mão, com números, cobranças, gráficos, colagens e grifos feitos com caneta marca-texto. "Anoto tudo", afirma Graça, há 11 dias no cargo. Tempo suficiente para ter convocado três reuniões com a Sete Brasil - empresa que fornecerá sondas para a Petrobrás - e agendado mais uma para a semana que vem.
Cobra a produção das sondas de perfuração encomendadas pela companhia. "Não trabalhamos com perspectiva de atraso", afirma Graça. Neste ponto, ela destaca a diferença de estilos que vai marcar a nova fase da Petrobrás. "Tem de pegar em cima. Conhece mosca de boi?" diz, usando a melhor imagem que encontrou para traduzir sua disposição de não dar sossego aos fornecedores. Principalmente "os famosos estaleiros virtuais".
Depende disso e das novas refinarias a consumação da autossuficiência brasileira, explica. Sem as sondas operando no prazo estipulado, a empresa não consegue atingir as metas de produção, como ocorreu nos últimos três anos. Sem mais capacidade de refino, a Petrobrás é obrigada a importar gasolina para atender ao aumento do consumo. O Brasil, então, não é autossuficiente? "Não está porque tomamos a decisão tardia de fazer crescer o nosso parque de refino", fala Graça, sem constrangimentos.
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