Aborto - Governo sem coragem de enfrentar o problema

Ricardo  Noblat

Primeiro a nova ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, disse que já abortou duas vezes e defendeu a descriminalização do aborto.
Em seguida deve ter sido enquadrada por alguma autoridade do governo e recuou.
- A matéria da descriminalização do aborto não diz respeito ao Executivo, diz respeito ao Legislativo.
Ora, não diz respeito ao Executivo por que ele não quer.
Quando quer, o Executivo pressiona o Congresso, presenteia parlamentares, distribui favores, faz ameaças e quase sempre leva.
A inconfidência da ministra foi só para marcar posição. Para dizer que é favorável à descriminalização do aborto.
Como o governo não quer bater de frente com a maioria que é contra, a ministra se calará.
O aborto no Brasil só é permitido por lei em caso de estupro ou de risco de morte para a mãe.
Pesquisa Ibope, de 2010, entrevistou pouco mais de 2 mil mulheres em todo o país e descobriu que uma em cada sete já sofreu um aborto - algo como 35 milhões de mulheres no total.
Em mais da metade dos casos, as mulheres passaram a enfrentar complicações de saúde.
Se o assunto não é grave e se o governo não deve se interessar por ele, não sei mais o que deve merecer sua atenção.