domingo, 13 de novembro de 2011


Empresa chinesa paga viagem a dirigente do Ministério do Trabalho
Funcionário aceitou convite da Huawei, que tem histórico de problemas com vistos de trabalho.

Aldo Cândido Costa Filho
Com histórico de problemas envolvendo funcionários estrangeiros no Brasil, a empresa de telecomunicações Huawei pagou uma viagem à China a um integrante do alto escalão do Ministério do Trabalho.
Aldo Cândido Costa Filho, número dois da Coordenadoria-Geral de Imigração da pasta, viajou durante dez dias à China no mês passado. Entre suas atribuições, está a outorga de vistos de trabalho.
Ele estava acompanhado da mulher, Tânia Mara Costa, coordenadora-geral de Fiscalização do Trabalho.
Junto com o casal, também viajou Elias Ferreira, representante da Força Sindical do Conselho Nacional de Imigração, órgão da pasta com integrantes de governo, sindicatos e entidades patronais.
Realizada entre os dias 14 e 23, a viagem teve três compromissos formais. Em Xangai, os três participaram de um café da manhã com João Pedro Flecha de Lima, vice-presidente da Huawei Brasil, e com representantes de empresas brasileiras e chinesas.
Em Pequim, houve um encontro com o setor consular da embaixada brasileira e, em Dongguan, perto de Guangzhou (sul da China), o grupo visitou uma comunidade de brasileiros e se reuniu com o cônsul-geral. Houve ainda uma visita à sede da empresa, em Shenzhen.
A Huawei Brasil vem tendo problemas com funcionários estrangeiros. O mais grave ocorreu em 2007 quando houve uma operação da Polícia Federal na sede da empresa, em São Paulo.
Na época, 50 chineses foram levados para depor e autuados por trabalharem em situação irregular. Três executivos, também chineses, foram presos. Neste ano, o Ministério Público do Trabalho recebeu uma denúncia de uso de mão de obra estrangeira irregular em Porto Alegre. A empresa refutou a acusação.
Segundos dados da Huawei, a empresa detém 50% do mercado brasileiro de modems USB de acesso 3G e atua no país desde 1999. Tem cerca de 4.000 funcionários em São Paulo, Campinas e Rio.
Em abril, na visita da presidente Dilma Rousseff à China, anunciou investimento de até US$ 350 milhões para um centro de pesquisa e desenvolvimento em Campinas. No ano passado, a empresa teve receita no Brasil de US$ 1,4 bilhão, 5% da mundial.
Maior empresa de telecomunicações da China, a Huawei tem fama de possuir comportamento agressivo. No mês passado, um executivo regional da empresa de telefonia celular China Mobile confessou em tribunal ter recebido propina da empresa.
Fora da China, a Huawei enfrenta forte resistência nos EUA, que vêm bloqueando várias ações da empresa devido a "preocupações de segurança nacional". Critica ainda a falta de transparência e uma suposta proximidade com o governo chinês.

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