quarta-feira, 22 de outubro de 2014



SIP vê ‘acentuado retrocesso’ na liberdade de imprensa
Em Santiago, assembleia conclui que continente vive aumento da censura indireta e da violência contra profissionais

O peruano Gustavo Mohme, diretor do jornal La República, de Lima, é o novo presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). Indicado na tarde de terça-feira, 21.out.2014, ao final da 70.ª Assembleia-Geral da entidade, em Santiago do Chile, ele sucede à americana Elizabeth Ballantine.
O último dia do encontro, que reuniu cerca de 300 profissionais de mídia desde sexta-feira, foi marcado também pela apresentação das “Conclusões” - documento final que resume os 25 relatórios nacionais apresentados pelos países que integram a SIP. O texto afirma que houve “acentuado retrocesso” na liberdade de informação - principalmente pelo crescimento geral da censura indireta e pela violência praticada contra profissionais da mídia em pelo menos oito países do continente. Cita com mais graves as situações no Equador, na Venezuela, na Argentina e no México.
A censura indireta, ou autocensura - diz o documento -, resulta das ameaças partidas de milícias e grupos clandestinos ligados ao narcotráfico ou de autoridades de governos que rejeitam todo tipo de crítica. O relatório final informa um total de 11 mortos em seis meses e centenas de atos de violência, boa parte deles em países envolvidos em campanhas eleitorais, como o Brasil. O relatório brasileiro mencionou 84 episódios, entre agressões, censura judicial, prisões e ameaças.
Em seu discurso de posse, Mohme dirigiu uma “mensagem de estímulo e solidariedade a todos os perseguidos” - os profissionais citados nos relatórios - e prometeu trabalhar “pela recuperação da democracia e do regime republicano, a separação equilíbrio dos poderes, a plena vigência do Estado de Direito”.
Ele se referiu também ao desafio, o do mundo digital. “Enquanto lutamos para preservar a liberdade, o mundo sofre uma vertiginosa transformação. Me refiro concretamente à Internet.” E se mostrou disposto a discutir “a concentração de meios em monopólios e oligopólios, em nível público ou privado, que são motivo de debate em nossas sociedades”.

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