Líderes do PT gaúcho são investigados no Escândalo do Pronaf
A rede de desvios atinge todo o Estado do Rio Grande do Sul
As investigações interrompidas pela Polícia Federal em Santa Cruz do Sul
não abrangem apenas líderes do Partido dos Trabalhadores (PT) ligados
ao Movimento dos Pequenos Agricultores. O caso vai muito além do Vale do
Rio Pardo, onde pelo menos 6 mil agricultores podem ter sido enganados
em desvios de recursos do Programa Nacional de Agricultura Familiar
(Pronaf).
A ordem de Brasília pegou a Polícia Federal de surpresa na terça-feira,
02.out.2014, porque 60 homens já estavam na cidade gaúcha de Santa Cruz
do Sul para iniciar o cumprimento de mandatos de busca e apreensão.
Segundo o que vazou em Santa Cruz do Sul, Brasília não queria causar
marolas na campanha do governador Tarso Genro, já que líderes do PT
estão envolvidos no escândalo, mas a ordem é retomar tudo nesta semana.
Acontece que por ordem do ministro da Justiça, a Polícia Federal
investiga desde junho a denúncia de que índios kaingangs, no município
de Tenente Portela, estariam sendo vítimas de fraude igual a que ocorreu
no Vale do Rio Pardo, também envolvendo recursos do Pronaf, o Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Os indígenas alegam
que seus dados pessoais foram usados indevidamente para conseguir
financiamentos. Segundo eles, o dinheiro teria sido desviado por
integrantes do Movimento dos Pequenos Agricultores.
Não fazer marola no 1º turno da eleição
O receio de fazer marola na campanha de Tarso Genro para o governo
estadual é o que há de mais escandaloso na suspensão da operação da
Polícia Federal na terça-feira, 02.out.2014, quando 60 agentes já se
encontravam em Santa Cruz do Sul para cumprir mandatos de busca e
apreensão na Associação Santa-Cruzense dos Agricultores Camponeses,
ligada ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), e também a outros
locais mantidos até agora em segredo.
O MPA é acusado de tomar crédito federal, no Pronaf, embolsar o dinheiro
e prejudicar 6 mil agricultores do Vale do Rio Pardo. A operação durou
cinco anos. Os agricultores assinavam procurações sem saber de nada.
A ordem para suspender a operações da PF veio de Brasília, sem maiores explicações.
Em Santa Cruz do Sul já se sabe que o interesse no congelamento da
operação policial poupou provisoriamente dois políticos do PT, o
deputado Bohn Gass e o vereador da cidade, Wilson Rabuske. Os dois
disseram que não sabiam de nada, mas ambos convenceram o governo Dilma a
perdoar a dívida, sob a alegação de que os agricultores seriam
prejudicados.
Um dos agricultores prejudicados (vídeo abaixo), Otávio Muller, de Santa Cruz do Sul,
que pediu financiamento de R$ 10 mil, nada recebeu porque o Banco do
Brasil alegou ter entregue o dinheiro para o MPA. Cinco meses depois
recebeu R$ 3 mil do MPA. Ele acabou no cadastro do Serasa.
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