terça-feira, 7 de outubro de 2014


Líderes do PT gaúcho são investigados no Escândalo do Pronaf
A rede de desvios atinge todo o Estado do Rio Grande do Sul

As investigações interrompidas pela Polícia Federal em Santa Cruz do Sul não abrangem apenas líderes do Partido dos Trabalhadores (PT) ligados ao Movimento dos Pequenos Agricultores. O caso vai muito além do Vale do Rio Pardo, onde pelo menos 6 mil agricultores podem ter sido enganados em desvios de recursos do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf).
A ordem de Brasília pegou a Polícia Federal de surpresa na terça-feira, 02.out.2014, porque 60 homens já estavam na cidade gaúcha de Santa Cruz do Sul para iniciar o cumprimento de mandatos de busca e apreensão.
Segundo o que vazou em Santa Cruz do Sul, Brasília não queria causar marolas na campanha do governador Tarso Genro, já que líderes do PT estão envolvidos no escândalo, mas a ordem é retomar tudo nesta semana.
Acontece que por ordem do ministro da Justiça, a Polícia Federal investiga desde junho a denúncia de que índios kaingangs, no município de Tenente Portela, estariam sendo vítimas de fraude igual a que ocorreu no Vale do Rio Pardo, também envolvendo recursos do Pronaf, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Os indígenas alegam que seus dados pessoais foram usados indevidamente para conseguir financiamentos. Segundo eles, o dinheiro teria sido desviado por integrantes do Movimento dos Pequenos Agricultores.


Não fazer marola no 1º turno da eleição
O receio de fazer marola na campanha de Tarso Genro para o governo estadual é o que há de mais escandaloso na suspensão da operação da Polícia Federal na terça-feira, 02.out.2014, quando 60 agentes já se encontravam em Santa Cruz do Sul para cumprir mandatos de busca e apreensão na Associação Santa-Cruzense dos Agricultores Camponeses, ligada ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), e também a outros locais mantidos até agora em segredo.
O MPA é acusado de tomar crédito federal, no Pronaf, embolsar o dinheiro e prejudicar 6 mil agricultores do Vale do Rio Pardo. A operação durou cinco anos. Os agricultores assinavam procurações sem saber de nada.
A ordem para suspender a operações da PF veio de Brasília, sem maiores explicações.
Em Santa Cruz do Sul já se sabe que o interesse no congelamento da operação policial poupou provisoriamente dois políticos do PT, o deputado Bohn Gass e o vereador da cidade, Wilson Rabuske. Os dois disseram que não sabiam de nada, mas ambos convenceram o governo Dilma a perdoar a dívida, sob a alegação de que os agricultores seriam prejudicados.
Um dos agricultores prejudicados (vídeo abaixo), Otávio Muller, de Santa Cruz do Sul, que pediu financiamento de R$ 10 mil, nada recebeu porque o Banco do Brasil alegou ter entregue o dinheiro para o MPA. Cinco meses depois recebeu R$ 3 mil do MPA. Ele acabou no cadastro do Serasa.


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