quinta-feira, 9 de outubro de 2014


Ex-contadora de doleiro diz ter repassado dinheiro para pagar multa do mensalão
Meire Poza afirmou à CPI mista da Petrobrás que visitou jornalista durante três meses para pegar dinheiro que seria usado para Enivaldo Quadrado quitar sua dívida com a Justiça

Meire afirmou que pegou os recursos diretamente
no portão da casa do jornalista Breno Altman

Brasília - A contadora Meire Poza confessou nesta quarta-feira, 08.out.2014, em depoimento à CPI mista da Petrobrás, ter repassado dinheiro para pagar a multa de um condenado no processo do mensalão. Ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire disse que foi à residência do jornalista Breno Altman durante três meses para pegar em cada oportunidade R$ 15 mil em dinheiro vivo. Esses recursos eram entregues, segundo ela, para o sócio da corretora Bônus Banval Enivaldo Quadrado, que foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro.
Quadrado foi punido pelo STF à pena de três anos e seis meses de prisão e a uma multa de R$ 28,6 mil, à época da condenação em 2012 e cujo valor foi atualizado posteriormente. Meire disse que os recursos serviram para pagar a multa do sócio da corretora Bônus Banval.
A contadora afirmou que pegou os recursos em espécie no portão da casa do jornalista nos meses de maio, junho e julho deste ano. "Em relação a esses R$ 15 mil, ele (Breno Altman) dizia que o PT estava pagando a multa do mensalão", afirmou ela, inicialmente, em resposta a pergunta feita pelo líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR).
Posteriormente, contudo, Meire disse, em resposta a questionamento feito pelo deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), que o jornalista não sabia o origem do recurso. Como fala na qualidade de depoente, ela não pode mentir à CPI. Se o fizer, pode ser processada por crime de perjúrio e sair presa do depoimento.
A ex-contadora de Youssef afirmou que a pena de Enivaldo Quadrado foi convertida em prestação de serviços à comunidade, a qual ele começou a cumprir a partir de maio deste ano em Assis (SP). Foi por isso que, segundo Meire, Quadrado pediu a ela para que buscasse esses valores na casa de Altman em São Paulo para levá-lo a ele, em Assis.
Meire disse que conhecia Quadrado desde 2009, na época em que ele trabalhava em uma corretora de valores. Ela destacou que dividia com Quadrado metade dos 7% que cobrava de comissão para a emissão dos R$ 7 milhões em notas frias. Em valores, isso dava R$ 122.500 para cada um. Segundo ela, foi Enivaldo Quadrado quem a apresentou a Youssef e, como Quadrado vivia em dificuldades financeiras, ela o ajudava e se considerava uma "espécie" de sócia dele.
Após a confissão da ex-contadora de Youssef, Domingos Sávio disse que a multa do mensalão foi paga com "dinheiro do petrolão". O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) fez questão de mostrar, durante o depoimento de Meire, uma foto do seu tablet em que Breno Altman está ao lado do ex-ministro José Dirceu, também condenado no mensalão.
O líder do PPS na Câmara apresentou requerimento para convocar Altman, para depor em uma futura sessão administrativa da CPI.

OUTRO LADO
O jornalista Breno Altman afirmou nesta quarta-feira , 08.out.2014, em nota, que são "fantasiosas" as declarações de Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, de que ele teria repassado a ela recursos para pagar multa do corretor Enivaldo Quadrado, condenado no processo do mensalão. "Fico curioso para saber quais as razões dessas invenções e a que interesses atendem", disse.
Em nota, Altman disse ter relações pessoais com Enivaldo Quadrado desde os anos 90. Ele afirmou ainda que Quadrado esteve em sua casa duas vezes acompanhado de Meire Poza, a quem apresentou como amiga e contadora. "O motivo desse encontro, solicitado por mim, foi obter assessoria contábil para exportação de serviços, pois realizo - como jornalista e consultor - muitas atividades no exterior", afirmou.
O jornalista informou ter pedido a seu advogado para que analisasse o depoimento da contadora na CPMI da Petrobrás a fim de tomar "medidas judiciais cabíveis". Meire depôs sob a condição de testemunha, o que, legalmente, não permite a ela mentir.
Em contato telefônico com a reportagem, Altman disse que aceitaria participar de uma audiência da CPI ou até mesmo de uma acareação com Meire Poza. Durante o depoimento da ex-contadora de Youssef, o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), apresentou um requerimento para convocá-lo. "Estou à disposição", disse o jornalista.


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