quinta-feira, 9 de abril de 2015


Cientistas reproduzem anticorpo capaz de neutralizar o HIV
Pesquisadores brasileiros, em Nova York, conseguem reduzir temporariamente quase toda a carga do vírus HIV em pacientes.

A escultura representa o anticorpo 3BNC117

Cientistas brasileiros reproduziram em laboratório um anticorpo capaz de neutralizar o HIV e reduzir a carga do vírus a níveis baixíssimos.
A escultura representa um anticorpo muito especial em ação. Na parte de baixo, vê-se uma longa fita enrolada. Ela é o pedaço do vírus HIV que ataca as células humanas e provoca a Aids. Já o pedaço de cima é o anticorpo apelidado de 3BNC117. Na representação, ele está neutralizando o HIV.

Michel Nussenzweig
"Ele bloqueia o vírus, bloqueia o receptor do vírus que vê a célula humana. Então, o vírus não consegue entrar na célula", explica Michel Nussenzweig, cientista.
O anticorpo foi criado pelo sistema imunológico de uma pessoa soropositiva mas que não desenvolveu a Aids, um caso raríssimo.
O anticorpo foi isolado e depois clonado no laboratório do cientista brasileiro Michel Nussenzweig, na Universidade Rockefeller, em Nova York. O estudo, que foi publicado na quarta-feira (08.abr.2015) na revista científica Nature, mostra que o tratamento com esse anticorpo pode reduzir radicalmente a presença do vírus HIV no organismo.
A pesquisa foi liderada por outra cientista brasileira, Marina Caskey. O 3BNC117 foi injetado em 17 pacientes soropositivos, e 12 soronegativos. Cada um recebeu apenas uma dose. Nos portadores de HIV, em uma semana a quantidade de vírus no organismo caiu em até 99%. Mas o efeito não foi duradouro. Como normalmente o corpo humano não consegue produzir esse anticorpo o vírus gradualmente voltou.
Nas pessoas soronegativas, o objetivo foi verificar se haveria alguma reação prejudicial ao anticorpo, o que não aconteceu.
Marina Caskey
"A gente está mostrando pela primeira vez que essa classe de drogas, que são chamadas  anticorpos que são neutralizantes, pela primeira vez a gente está mostrando que ela tem atividade significante em pessoas que são infectadas com HIV que ainda não estão em tratamento", afirma a cientista Marina Caskey.
A próxima etapa da pesquisa, que começará ainda este ano, envolverá um número maior de pacientes e várias doses do anticorpo, na esperança de que ele eventualmente elimine o vírus HIV do organismo das pessoas infectadas. Ainda é cedo para falar em cura, mas esse é o objetivo.

Uma conquista importante da ciência para saúde
Uma terapia com uma nova geração de anticorpos "neutralizantes", testada pela primeira vez em humanos, conseguiu reduzir a quantidade de HIV no sangue.
O estudo, publicado na revista científica "Nature", dá novo fôlego à imunoterapia como uma estratégica eficaz contra o HIV.
Em alguém com o vírus, há uma espécie de luta entre o HIV e o sistema imune. Ainda que o corpo produza novos anticorpos para combater o vírus, este está sempre em mutação para conseguir escapar dos ataques e sobreviver.

A nova pesquisa, conduzida na Universidade Rockefeller, acaba de mostrar que a administração de um anticorpo potente, chamado por ora de 3BNC117, pode pegar o HIV desprevenido e reduzir a carga viral do paciente.
Outros anticorpos testados em humanos tinham mostrado resultados decepcionantes. Este novo, no entanto, pertence a uma nova geração de anticorpos neutralizantes que podem combater de forma potente cerca de 80% das cepas de HIV.
Anticorpos neutralizantes são produzidos naturalmente em 10% a 30% dos pacientes com HIV, mas apenas depois de vários anos de infecção - a essa altura, os vírus em seus corpos já evoluíram para escapar até mesmo desses anticorpos mais potentes. Ao isolá-los e cloná-los, porém, pesquisadores conseguiram transformá-los em agentes terapêuticos contra as infecções por HIV que tiveram menos tempo para se preparar e se proteger.

A dose única do anticorpo foi bem tolerada nos voluntários e se mostrou eficaz em reduzir a carga viral - em alguns pacientes, essa ação foi temporária e, em outros, mais duradoura.
É possível que a nova droga, ainda em teste, consiga dar um fim em vírus que estejam escondidos em células infectadas, que servem como reservatórios de vírus inacessíveis pelos medicamentos atuais. Também é provável que esse anticorpo precise ser usado em combinação com outros anticorpos ou drogas antirretrovirais para manter as infecções sob controle.
O estudo ainda aumentou as esperanças de se criar uma vacina contra o HIV. Se os cientistas conseguirem induzir o sistema imune de uma pessoa sem HIV a gerar anticorpos potentes como o 3BNC117, talvez isso seja suficiente para bloquear uma infecção de HIV antes que ela se estabeleça.


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