sexta-feira, 1 de agosto de 2014


É mais barato o Brasil ajudar a Argentina agora do que sofrer depois

Cristina Kirchner e o seu ministro da Economia, Axel Kiciloff

Principal parceiro comercial da Argentina, o Brasil deveria assumir um protagonismo maior diante da crise do país vizinho, que ganhou contornos dramáticos durante a negociação com os fundos abutres, afirmam os especialistas. Apesar de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter classificado o impacto do calote argentino no curto prazo como “nulo”, os exportadores brasileiros continuam apreensivos com uma previsível queda na demanda pelos seus produtos, em meio a um cenário de forte desvalorização cambial e queda da atividade entre os hermanos.
A diplomacia brasileira e o Ministério da Fazenda deveriam sair a campo para encontrar uma alternativa, segundo Roberto Gianetti da Fonseca, presidente do Conselho de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “Assim como os Estados Unidos ajudaram o México em 1995, e a Alemanha estendeu a mão para outros países da União Europeia na crise de 2009, cabe ao Brasil um papel de protagonista e mediador nesta situação atual”, avalia. “É mais barato ajudar a Argentina agora do que sofrer com a eventual crise que ela virá a sofrer depois deste momento”, completa.
Para Fonseca, é preciso mais do que discursos apoiando o Governo de Cristina Fernández de Kirchner nesta queda de braço com os credores internacionais. “Não sei a fórmula, mas o Brasil tem de encontrar uma forma criativa de resolver o problema, para ajudar a terminar o impasse em Nova York”, diz. “Agora é necessário ter essa confiança de líder regional para não deixar a Argentina entrar em default”, explica.
De janeiro a junho deste ano, as exportações brasileiras para a Argentina recuaram 20% ante o mesmo período de 2013 – a participação do país vizinho no total das vendas brasileiras ao exterior chegou a 6,7%, ante os 8,1% registrados nos primeiros seis meses do ano passado. A fim de pagar os seus credores e suprir as suas necessidades de financiamento, o Governo argentino se viu contra as cordas nos últimos anos, tendo de restringir as compras de produtos de outros países e gerar superávit – quando o valor arrecadado nas vendas ao exterior superam as importações.

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