quarta-feira, 6 de agosto de 2014


Confiram o peso do "custo Brasil"


O peso do “custo Brasil” que leva à desindustrialização do país está aí, à frente de todos nós: basta ir a uma drogaria, a um supermercado, a uma loja de departamentos.
Nos supermercados, nas drogarias, nas lojas: basta olhar de onde vêm os produtos para se constatar que a indústria brasileira está perdendo mercado – pela incompetência e inação do Estado.
O “custo Brasil” bate forte nas exportações do país. Com uma carga de impostos absurda, com infraestrutura arcaica e insuficiente, que encarece o transporte e o embarque — rodovias, ferrovias, portos –, nossos produtos perdem competitividade no mercado internacional.
Isso é mais do que sabido.
O outro lado da moeda é que os custos de produção, no país, graças a impostos, burocracia infernal, falta de flexibilidade na legislação trabalhista e outros problemas, estão fazendo com que nossos produtos percam também mercado interno.
Está cada vez mais fácil e barato, para o comércio, trazer mercadorias do outro lado do planeta do que comprar da indústria brasileira.
Não é preciso ler tratados ou assistir a palestras de economistas pagas a peso de ouro para constatar o fato.
Uma mera incursão a uma drogaria, a um supermercado ou a uma loja de departamentos basta.
Creme de barbear, de marca instalada há décadas no Brasil? As prateleiras estão cheias — mas o produto, com a mesmíssima marca familiar ao brasileiro, com instruções em português na embalagem, vem do Chile.
Loção pós-barba, de marca conhecidíssima do consumidor brasileiro? Claro, lá está. Vem da Argentina. Conforme a drogaria ou supermercado, é da Alemanha. Ou do México.
E se o consumidor precisar, digamos, de um higienizador para vaso sanitário?
As marcas familiares fazem presença, em peso, nas prateleiras. Só que deem uma olhadinha nos rótulos, em português: alguns vêm do México. Outros, da Índia.
E aquelas pastilhinhas de menta em caixinhas de plástico que todo mundo compra? Feitas em Guarulhos (SP) ou na Baixada Fluminense? Ou, quem sabe, em Belo Horizonte?
Que nada: são importadas do Equador — é como se, no Brasil, não tivéssemos tecnologia ou capacidade de fabricar sequer esse miserável item.
Bicicletas? Vêm de toda parte, inclusive da Inglaterra e da França.
Pneus? Há alemães, franceses e japoneses.
Roupas? O que não falta são as provenientes da China (uma enormidade), de Bangladesh, da Romênia, da Índia…
Brinquedos? China.
Sacolas de compras? Tudo do Vietnã.
Material escolar — canetas, cadernos, réguas, cortadores de papel, clips, lápis de cor? Há ainda produtos brasileiros, mas engolfados por uma maré de importados da China e do Japão, entre outros países.
Abrir o país para o comércio exterior não é bom, é ótimo.
Permitir que nós, consumidores, tenhamos acesso a produtos do mundo todo é um grande progresso.
O problema é que não é apenas isso que está ocorrendo. Os produtos made in Brazil por uma indústria que nos custou décadas de trabalho, suor e sangue para estabelecer, estão perdendo espaço para os importados devido a problemas que cabe ao Estado brasileiro resolver — mas que ele, pesadão, incompetente, lerdo e burro, não resolve.

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