De autoria do chargista Nani, o desenho mostra a candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, encostada em uma parede de esquina, rodando uma bolsa e anunciando que:
A charge gerou protestos da Coordenação de Campanha de Dilma Rousseff. O departamento jurídico da campanha estuda medidas criminais contra os responsáveis pela charge.
O que serviu de gancho para a charge foi a reforma da proposta de governo da candidata petista à Presidência.
O desenho compara a candidata a uma garota de programa, em analogia ao suposto relaxamento de algumas de suas propostas de governo.
Segundo a ex-ministra-chefe da Casa Civil, a primeira versão do programa de governo aprovado pelo Congresso Nacional do PT foi enviada por engano ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na ocasião do registro de sua candidatura. Por não "concordar" com pontos do projeto, o documento foi reformulado.
Ao reproduzir a peça de autoria do cartunista Nani, o repórter Josias de Souza despertou a ira do PT e adjacências. A revolta corre na web.
A palavra do repórter sobre a inusitada polêmica:
"A reprodução eventual das peças de Nani é motivo de júbilo pessoal. O cartunista é precedido por sua história. Dispensa apresentações e elogios. Realiza um trabalho criativo, crítico e apartidário.Em outra charge. Nani coloca como personagem central o candidato tucano à Presidência José Serra.
A charge que ateou fogo no petismo insere-se, com rara precisão, no contexto dos dias que correm, marcados pelo vaivém programático do PT e de Dilma. Em meio ao protocola e desprotocola do partido, sob o ato de assinar e desassinar da candidata, desfiou-se um rosário de contradições.
Primeiro, o ácido programa de governo do PT. Depois, o texto água-com-açúcar, mais ao gosto do PMDB e do imenso et cetera enganchado à coligação oficial. Rendido à lógica do politicamente correto, o petismo desperdiçou a graça da charge. Compreensível, já que, no seu caso, a graça se confunde com a desgraça."
"O repórter tem a felicidade de se incluir entre os que acham que o humor, por ser coisa séria, deve compreender também o mau humor. Por vezes, deve ser ácido, como no caso em questão. Dizem os pró-Dilma que “a candidata tem uma história de luta contra o conservadorismo”. Verdade. Daí o espanto de vê-la associada, por conveniência eleitoral, ao “conservadorismo” que outrora a levara ao cárcere. Afirma-se que a charge, além de “desqualificar” as mulheres”, “discrimina” as profissionais do sexo”. Tolice. A perversão exposta no desenho não é a física. O que se expôs, com mordacidade inaudita, foi a prostituição ideológica. Seja como for, é confortante notar que os pró-Dilma, aferrados a um falso moralismo, já absorveram o fato de o PT ter deixado a história para cair na vida.
É de perguntar, contudo: Por onde se conduzirá a ética da neo-esquerda no vale-tudo da campanha eleitoral, abrigada sob o teto da governabilidade? No mais, resta lamentar que a reação seja seletiva."
O candidato tucano foi “retratado", noite alta, procurando um vice na rua, em meio a “velhinhos de programa”:
Nani lembrou que teve charges censuradas durante a ditadura militar, "nunca na democracia", e que produziu desenhos sobre diversas personalidades políticas, sem ter sido repreendido em nenhuma ocasião pelos citados em seu trabalho. O chargista Nani divulgou um rol de charges que produziu na era FHC. Anotou: “Já eles não chiaram”.
Sobre a charge do candidato tucano o repórter Josias de Souza comentou:
"É pena que o feminismo dos pró-Dilma não tenha permitido que enxergassem a "ofensa" aos “profissionais do sexo” masculino."Sob ameaça de um processo judicial do PT, Nani diz que seu maior receio é outro:
“Só espero que o PT não crie o Ministério do Humor e entregue ao PMDB!”No passado o petismo tinha mais, digamos, senso de humor. Hoje, perdeu a graça.
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