Reprovação ao governo Dilma vai a 69% em pesquisa
Pesquisa CNI-Ibope divulgada na quarta-feira (30.set.2015) aponta que
69% dos brasileiros avaliam o governo Dilma Rousseff (PT) como ruim ou
péssimo, um ponto percentual a mais que na última pesquisa, realizada em
junho.
Os números mantêm a presidente como a que tem a pior avaliação desde o fim da ditadura militar.
A pesquisa mostra também que apenas 10% consideram o governo ótimo ou bom, ante 9% na pesquisa anterior.
Para 21%, Dilma faz um governo regular, e 1% não souberam ou não
quiseram opinar. A soma pode dar diferente de 100% devido a
arredondamentos.
Os que desaprovam a maneira de Dilma governar são 82%, ante 83% em
junho. Já os que disseram não confiar na presidente são 77%, contra 78%
na última pesquisa. Todas as variações estão dentro da margem de erro,
de dois pontos percentuais.
Só 20% disseram confiar em Dilma, mesmo índice de junho. A pesquisa
ouviu 2.002 pessoas com mais de 16 anos em 140 municípios de todo o país
entre os dias 18 e 21 de setembro.
Segundo o gerente de pesquisas da CNI (Confederação Nacional da
Indústria), Renato da Fonseca, os dados gerais mantiveram-se estáveis em
relação à pesquisa anterior.
"[A popularidade] Parou de cair, está estável. Se vai cair novamente na
próxima pesquisa, a gente não sabe, precisa ver os acontecimentos. Se
avaliarmos esses últimos três meses, não houve muita mudança. A gente
continua com uma crise política séria e a questão econômica sem
solução", disse.
"As pessoas estão descontentes porque estamos com mais desemprego,
preços crescendo, renda caindo, elas estão sendo obrigadas a buscar
outros trabalhos ou a cortar suas despesas. A redenção vai ocorrer
quando o ajuste terminar e a economia voltar a crescer."
Na série histórica, o pior índice que um presidente havia atingido desde
a redemocratização havia sido de 64% de ruim ou péssimo, em julho de
1989, por José Sarney.
SEGUNDO MANDATO
A análise da série histórica também revela que a perda de popularidade
no início do segundo mandato não é novidade. Porém, Dilma teve a queda
mais intensa. Em dezembro de 2014, 40% da população avaliavam seu
governo como ótimo ou bom. Neste mês, o percentual foi para 10%.
Na mesma comparação, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrentou
uma queda de 57% para 50%, e Fernando Henrique Cardoso, de 40% para
16%.
"Tanto no governo Fernando Henrique como no governo Lula, houve uma
queda de popularidade do primeiro para o segundo mandato. Provavelmente é
o resultado de algum descontrole de contas públicas durante as
eleições. A gente vê isso não só no Brasil, mas em vários países. Aí,
quando você assume o segundo mandato, tem que dar um ajuste, e isso gera
uma certa decepção e a popularidade cai", analisou Fonseca.
Ele destacou ainda que houve "mudanças de comportamento" da população
quando considerados os estratos ouvidos. Os que aprovam a maneira de
Dilma governar, por exemplo, caíram de 11%, em junho, para 7% em
setembro entre os jovens de 16 a 24 anos. Já entre os entrevistados com
mais de 55 anos, subiu de 20% para 24%, na mesma comparação.
Uma das hipóteses, segundo o gerente de pesquisas da CNI, é que os mais
jovens, que têm enfrentado dificuldades para conseguir emprego, não têm
memória de crises passadas. "Você tem uma juventude que é mais
contestadora e está mais assustada por não ter vivenciado outras crises
no país", disse.
De nove áreas de atuação avaliadas, os impostos e a taxa de juros foram
as que tiveram os maiores índices de desaprovação, de 90% e 89%,
respectivamente. Já as áreas que se saíram melhor foram a de combate à
fome e à pobreza, que teve aprovação de 29%, e a do meio ambiente,
aprovada por 25%.
As notícias sobre o governo mais lembradas pela população foram as
relacionadas à Operação Lava Jato (13%), que investiga o esquema de
corrupção na Petrobras e outros órgãos públicos. Em seguida, aparece a
volta da CPMF, citada por 8% dos entrevistados, o aumento de impostos
(7%) e os pedidos de impeachment da presidente (7%).
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